A princesa Catharina-Amalia dos Países Baixos foi obrigada a mudar-se para Espanha durante alguns meses, no ano passado, depois de ter sido alvo de ameaças à sua segurança. Foi o pai, o rei Willem-Alexander, a contá-lo no banquete organizado para os reis de Espanha, Felipe VI e Letizia, nesta quarta-feira, em Amesterdão. “Uma visita de Espanha é sempre como um abraço caloroso”, celebrou o monarca.
Em 2022, a princesa herdeira foi obrigada a deixar a Universidade de Amesterdão depois de ter sido alvo de ameaças à sua segurança, incluindo de rapto. Durante algum tempo, Catharina-Amalia regressou a Haia, para junto dos pais, mas depois teve mesmo de sair do país. “No ano passado, as circunstâncias levaram-na a residir em Madrid. A partir daí pôde continuar os estudos. Tudo isto foi possível graças à dedicação afectuosa de um grande número dos vossos concidadãos e de Suas Majestades. Foi um comovente teste de amizade num período difícil”, contou Willem-Alexander, dirigindo-se a Felipe e Letizia.
Catharina-Amalia, com 20 anos, esteve em grande destaque no banquete real em Amesterdão, tendo sido agraciada pelo rei espanhol com a grã-cruz da Ordem de Isabel, a Católica. É comum a princesa herdeira acompanhar os pais em momentos oficiais e, no ano passado, numa visita às Caraíbas desabafou como nem sempre é fácil ter nascido numa família real. “Sinto saudades da vida normal enquanto estudante.”
Em 2023, a imprensa espanhola chegou a publicar fotografias de Catharina-Amalia no Parque do Retiro ou às compras, em Madrid, acompanhada, por vezes, da mãe, Máxima. Desconhece-se se, em Espanha, a princesa teve de manter “as fortes medidas de segurança” a que estava sujeita em Amesterdão, quando “mal conseguia sair de casa”, como contou a rainha.
A ligação de Willem-Alexander e Máxima a Espanha é bem conhecida. Foi na Feira de Sevilha que os dois se conheceram “há 25 anos”, recordou também o rei no discurso desta quarta-feira. “Espanha ocupa um lugar especial nos nossos corações.” Além disso, lembrou como os dois países são “ramos da mesma árvore europeia”, com a história “ligada há séculos”. E insistiu: “Somos aliados, movidos pelos mesmos ideais, valores e convicções. Defendemos a liberdade, a democracia e os direitos humanos.”
Willem-Alexander também fez algumas alusões políticas, nomeadamente no que toca ao hidrogénio verde. “Num futuro próximo, o sol espanhol também aquecerá o frio norte e ajudará a nossa indústria a tornar-se mais verde”, defendeu, argumentando que hoje “em sociedades como a nossa”, nem sempre “é fácil continuar a confiar uns nos outros”. Mas, concluiu, enquanto brindava aos reis Felipe e Letizia, “é exactamente isso que é necessário”.
Letizia ficou sentada
Antes do jantar, os quatro monarcas estiveram a cumprimentar os mais de 200 convidados e, nas redes sociais, circulou uma imagem inusitada. Willem-Alexander, Máxima e Felipe de pé a fazer os cumprimentos, enquanto Letizia ficou sentada numa cadeira, durante 45 minutos, diz a revista Hola.
Letizia teve de ficar sentada dada a lesão que tem no pé esquerdo, fruto da síndrome do neuroma de Morton, com que foi diagnosticada há dois anos. O neuroma define-se por um inchaço benigna do nervo interdigital, que fica entre dois dedos do pé, em especial entre o primeiro e segundos dedos, refere o glossário de saúde da CUF.
La Reina Letizia, sentada en un taburete para aguantar el besamanos por su dolencia de pies pic.twitter.com/TKFZTRvXA3
— EL MUNDO (@elmundoes) April 17, 2024
A doença é causada sobretudo pelo uso de sapatos muito altos, sobretudo com ponta pontiaguda ou apertada que obriga à compressão dos dedos — o que justificará o motivo por que são mais as mulheres a serem diagnosticadas com neuroma de Morton, frequentemente associado a joanetes.
Durante o banquete, não foi possível ver o que calçava Letizia, mas é comum a rainha estar de saltos altos. Para o serão, elegeu um vestido azul da marca espanhola The 2nd Skin Co. em tafetá azul com manga de laçada e um cinto a marcar a cintura. Para completar o visual, a aposta recaiu numa tiara histórica, repleta de pérolas e diamantes, que pertenceu à rainha Maria Cristina, consorte do rei Afonso XII, no século XIX.
Foi a noite do azul, com Máxima a usar um tom mais sóbrio, num vestido esvoaçante assinado pelo criador neerlandês Jan Taminiau. Catharina-Amalia também vestiu azul, mas mais escuro, num modelo do mesmo designer, acompanhado de uma capa em chiffon esvoaçante, dando destaque às jóias com rubis, em especial à tiara do pavão, que data do século XIX.
Catharina-Amalia é a futura rainha dos Países Baixos e a filha mais velha de Willem-Alexander e Máxima. Nasceu a 7 de Dezembro de 2003, seguida das irmãs Alexia e Ariane. Desde a investidura do seu pai, em 2013, é também princesa de Orange.