Hugh Grant chega a acordo privado com o The Sun em caso de escutas telefónicas

O actor britânico chegou a acordo nesta quarta-feira, mas não especificou a quantia envolvida. A decisão, justifica, é uma forma de evitar ter de pagar as despesas legais após o julgamento.

Foto
Hugh Grant escreveu sobre o acordo no X Maja Smiejkowska/Reuters
Ouça este artigo
00:00
03:28

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Hugh Grant chegou a acordo no processo judicial contra a editora do tablóide britânico The Sun, de Rupert Murdoch, nesta quarta-feira. O actor acusava a publicação e os jornalistas de recorrerem a investigadores privados para pôr o seu telefone sob escuta e até de terem assaltado a sua casa.

Grant, tal como o príncipe Harry, estava a processar o News Group Newspapers (NGN) por alegada recolha ilegal e generalizada de informação, arrombamento e “falsificação” de informação confidencial. Famoso por filmes como O Amor Acontece ou Notting Hill, o actor tornou-se um importante activista da reforma da imprensa desde o escândalo das escutas telefónicas, há mais de uma década.

O caso era um dos vários processos que podiam ir a julgamento no Tribunal Superior de Londres em Janeiro, mas o actor informou que tinha chegado a acordo com a NGN. “O News Group afirma que é totalmente inocente das coisas que eu acusei The Sun de fazer”, publicou, com ironia, no X. “Como é comum nas pessoas totalmente inocentes, estão a oferecer-me uma enorme soma de dinheiro para manter este assunto fora do tribunal”.

A NGN detalhou que o acordo foi feito “sem admissão de responsabilidade”. “É do interesse financeiro de ambas as partes não avançar para um julgamento dispendioso”, declarou um porta-voz da NGN.

Grant já tinha intentado uma acção judicial contra a NGN em relação ao agora extinto tablóide News of the World, que foi resolvida em 2012, um ano depois de administração ter apresentado um pedido de desculpas às vítimas e de o jornal ter sido encerrado pelo magnata dos média Murdoch, na sequência de uma polémica de pirataria informática.

A NGN sempre rejeitou as alegações de qualquer irregularidade por parte dos seus funcionários, tendo resolvido mais de 1.300 casos ─ mais outros cerca de 300 através do seu próprio esquema de indemnização ─ sem admitir qualquer responsabilidade. No entanto, a resolução do processo de Grant, que se centrava exclusivamente em alegadas infracções no The Sun, levanta questões sobre quanto mais tempo poderão manter a posição.

Dez milhões de libras

Grant escreveu que não queria chegar a um acordo e preferia que as acusações fossem discutidas em tribunal. Mas se, após o julgamento, lhe fosse atribuída uma indemnização inferior à que a NGN lhe oferecia agora, seria ele o responsável pelo pagamento dos honorários legais de ambas as partes.

“Os advogados de Rupert Murdoch são muito caros”, declarou, prometendo ainda que gastaria o dinheiro do acordo em grupos como o Hacked Off, que faz campanha contra a violação de privacidade por parte da imprensa, de que Grant faz parte da direcção. “Mesmo que todas as alegações sejam provadas em tribunal, seria responsável por algo próximo dos 10 milhões de libras (mais de 11 milhões de euros) em custos. Receio que me esteja a acobardar perante esse valor.”

O acordo pode reduzir as hipóteses de a NGN enfrentar um julgamento por recolha ilegal de informação ─ embora o processo de Harry continue e o filho de Carlos III continue a falar repetidamente da “missão” de responsabilizar a imprensa britânica.

O duque de Sussex e outros queixosos tentaram, no mês passado, arrastar Murdoch para o processo, alegando que o magnata estava pessoalmente envolvido no encobrimento das irregularidades. A decisão sobre o pedido está ainda pendente no Tribunal Superior de Londres.

A NGN defende que os queixosos estão a usar os processos como forma de atacar os tablóides e que as alegações contra actuais e antigos funcionários são “um ataque escandaloso e cínico à integridade”.

Ainda nesta quarta-feira, o advogado da NGN, Anthony Hudson, pediu ao tribunal que ordenasse que o julgamento, actualmente previsto para começar em Janeiro, também determinasse se os queixosos deviam ter intentado as acções contra a editora mais cedo.