Os sete produtores da Bairrada que integram hoje os Baga Friends — do grupo original, ficaram seis, a quem em 2022 se juntaram os vinhos Vadio — estão a produzir em conjunto um espumante de Baga, que deverá estar pronto pelo Natal de 2029 e que servirá para celebrar uma casta que "deixou de ser mal-amada" para "estar na moda". "Estamos a fazer um espumante de Baga, que está a enobrecer com a idade, e que deverá estar pronto pelo Natal de 2029", revelou esta semana Luís Pato, à margem de uma conversa sobre o próximo Dia Internacional da Baga.
Luís Pato é um dos Baga Friends, espécie de associação de promoção daquela casta tinta, que pelo terceiro ano consecutivo volta a promover e a celebrar o Dia Internacional da Baga. A 4 de Maio, entre as 10h e as 18h, os sete terão as portas das suas adegas abertas, a quem se inscrever na iniciativa (o Dia custa 40 euros por pessoa), entenda-se, e em cada produtor haverá programação especial, que incluirá sempre prova de vinhos. Haverá ainda um jantar no Rei dos Leitões com o grupo todo e com lotação limitada (o Dia e o jantar ficam por 195 euros por pessoa). No site da iniciativa, é possível conferir toda a programação e preços (há outras modalidades, que incluem alojamento, por exemplo).
Em 2011 e 2015, estes produtores já tinham produzido em conjunto um vinho tinto de Baga, que contou com a contribuição de cerca de 250 litros de cada um, em jeito de selo de amizade.
"Agora estamos a evoluir para um outro patamar, com um produto diferente, associado à Região da Bairrada, que é o espumante, mas com a casta Baga. Continuamos focados na casta baga, agora com um espumante rosado, para o qual cada um contribuiu com cerca de 300 litros", explicou, à Lusa, Luís Pato.
Segundo o produtor, este espumante de Baga precisa de tempo para mostrar a sua grandeza, depois de a colheita ter sido feita no ano passado.
"Vai ser engarrafado agora e deveremos ter entre 2.500 e 3.000 garrafas de espumante com baga, que estará pronto daqui a cinco anos. A Baga precisa de tempo para se tornar nobre e fora de comum, top a nível mundial", referiu.
Pato admite a importância que os Baga Friends têm tido na valorização de uma casta que tem despertado o interesse nacional, mas também internacional, "provando que está na moda". "É uma grande casta, que está a ser bem trabalhada, demonstrando que pode ser algo de fantástico", acrescenta.
Também o produtor Dirk Niepoort, da Quinta de Baixo, aponta o interesse internacional pelos vinhos da Bairrada, com casta Baga. "Estamos a recuperar a grandeza desta casta, que é complicada e que era mal-amada. Os vinhos produzidos melhoraram muito, são autênticos e muito procurados para exportação: os estrangeiros provam e dizem que é um vinho diferente e que tem personalidade, alega.
Quem adquirir bilhete para o Dia Internacional da Baga terá a oportunidade de circular livremente pelas adegas, entre as 10h e as 18h, desfrutando de degustações de vinhos, harmonizações com petiscos tradicionais da região e falando com os produtores. Serão apresentados vinhos novos e colheitas novas das marcas mais conhecidas, mas também vinhos mais antigos, alguns esgotados ou já sem distribuição. Uma oportunidade rara.
Neste mesmo dia à noite, os produtores amigos desta casta estarão presentes no tal jantar, em que a comida do Rei dos Leitões será harmonizada com Baga, claro está.
Para além de Luís Pato e da Niepoort, integram os Baga Friends os produtores Filipa Pato, Quinta das Bágeiras, Quinta da Vacariça, Sidónio de Sousa e Vadio.
A casta Baga representa 4% da área plantada em Portugal, sendo a sétima casta tinta mais utilizada na produção de vinho a nível nacional. Nos mais de 8.000 hectares de vinhas de Baga plantadas em todo o país, a Bairrada é a região com maior peso, na ordem dos 3.500 hectares.