Atleta paraolímpica Stef Reid critica Nike por não disponibilizar sapatos individuais

“Quando uma empresa utiliza a imagem [de corredores amputados em material promocional] está a fazer uma declaração de que quer ser diversificada e inclusiva”, defende Reid.

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Stef Reid perdeu o pé direito num acidente de barco quando tinha 16 anos DR/Instagram @runjumpstefreid
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A antiga atleta paraolímpica Stef Reid questionou o compromisso da Nike para com a diversidade devido à sua recusa em vender sapatilhas individuais a corredores amputados, apesar de utilizarem manequins e corredores amputados nas promoções.

Reid, três vezes medalhista paraolímpica no salto em comprimento e nos 200 metros, disse que não conseguiu comprar apenas um Vaporfly, o sapato de treino topo de gama da Nike, que é vendido por cerca de 240 libras (cerca de 280€) na Grã-Bretanha.

“É muito caro: vou comprar este [par] e vou deitar metade fora. Isto parece-me um pouco disparatado”, disse Reid, que perdeu o pé direito num acidente de barco quando tinha 16 anos, numa entrevista à Reuters.

“Eu nunca teria seguido este caminho, mas quando uma empresa utiliza a imagem [de corredores amputados em material promocional] está a fazer uma declaração de que quer ser diversificada e inclusiva.”

Numa declaração à Reuters, a Nike, que lhe ofereceu um desconto de 15% para comprar um par, agradeceu a Reid por ter partilhado as suas preocupações. “Na Nike, defendemos todos os atletas e patrocinamos uma série de atletas e federações paralímpicas em todo o mundo e trabalhamos com eles em todas as formas de movimento”, diz o comunicado.

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A empresa acrescentou que o seu programa americano One Shoe Bank oferece um inventário seleccionado de sapatos individuais a partir do seu centro de distribuição em Memphis. “Com base nas lições aprendidas com o programa, esperamos expandi-lo para mais regiões geográficas no futuro”, afirmou a Nike.

Reid, de 39 anos, que competiu pelo Canadá antes de se transferir para a Team GB, começou a correr com o objectivo final de correr na Maratona de Boston.

Retorno de energia

Reid estava interessada no Vaporfly devido às alegações do sapato de maior retorno de energia devido ao seu design leve e revestido a carbono. Ela acreditava que seria mais fácil para as suas articulações. “Pensei: ‘Tenho um pé, tenho mesmo de cuidar dele’”, disse.

Desde então, vários fabricantes desportivos produziram modelos semelhantes daquilo a que a comunidade de corredores chama “supersapatos”, como é o caso do Vaporfly. “Quem compra o Vaporfly preocupa-se com o seu desempenho”, continua Reid. “E a Nike, que é uma empresa de desempenho, esforçou-se por criar o sapato de maior desempenho possível. Mas a questão não se prende apenas comigo ou com a minha necessidade, mas com a especificidade das pessoas quando se trata de comprar sapatos.”

A atleta defende que as pessoas também devem poder comprar sapatos em dois tamanhos, uma vez que muitos têm pés de tamanhos diferentes.

“Fizeram toda esta investigação espantosa e falharam o último passo”, afirma. “Na verdade, trata-se de mudar a forma como fazemos sapatos em geral e de as empresas reconhecerem que as pessoas são únicas. Não é uma ideia revolucionária. A minha explicação é que uso lentes de contacto e nunca comprei um par de lentes de contacto porque a indústria não assume que os olhos são iguais.”

Fibra de carbono

Reid corre com uma lâmina de fibra de carbono fabricada pela empresa islandesa Ossur, que durante a sua carreira no atletismo incluía um acessório de placa com espigões fabricado pela marca nor. “A Nike tem feito um trabalho fantástico no campo dos desportos para deficientes e criou algumas placas personalizadas para a extremidade das lâminas. E, curiosamente, vendeu-as como peças individuais”, disse Reid.

Também contactou a empresa de equipamento desportivo Brooks, que utiliza modelos amputados no marketing, para saber qual a sua política em relação aos sapatos individuais.“A Brooks criou um grupo de trabalho que tem estado a aprofundar o tema”, respondeu a Brooks numa carta, acrescentando que o grupo inclui Brian Reynolds, um maratonista e duplo amputado.

A Brooks afirmou que fornece créditos a retalhistas como a Nordstrom, sediada nos EUA, que vendem sapatos de tamanho único e também sem ser a pares.

Reid, que vive com o marido canadiano, o atleta paraolímpico 11 vezes medalhado Brent Lakatos, em Loughborough, Inglaterra, foi uma das que chegou aos quartos-de-final de Dancing on Ice em 2022.

No mês passado, tornou-se a primeira atleta amputada a competir nos campeonatos britânicos de patinagem artística para adultos, tendo conquistado a prata na sua categoria etária.