Portugueses preocupam-se sobretudo com o preço nas compras feitas pela Internet

Seis em cada dez compradores já utilizam as plataformas de venda em segunda mão. “Os portugueses estão mais conscientes das vantagens da economia circular”, destaca Olivier Establet da DPD.

Foto
A Shein e a Zara são as lojas de moda que os portugueses compram mais Reuters/JON NAZCA
Ouça este artigo
00:00
03:59

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Portugal é o país da Europa onde os consumidores online são mais sensíveis ao preço, diz o novo Barómetro e-Shooper, apresentado nesta quarta-feira pela Geopost, um grupo de entrega de encomendas. Apesar de Portugal continuar a ter menos clientes das lojas online do que a média europeia, 71% dos mais de mil inquiridos admite ter feito compras através da Internet em 2023. Destaque, ainda, para o aumento das compras em segunda mão.

“Verificamos uma maior consciencialização dos portugueses para o tema da poupança e para a procura de compras mais vantajosas e com preços mais competitivos, realidade que se torna mais evidente sobretudo em cenários onde a conjuntura económica impacta mais a carteira das famílias, como a inflação”, começa por contextualizar ao PÚBLICO Olivier Establet, CEO da DPD Portugal, empresa de transporte expresso que integra o grupo Geopost.

O factor mais importante para a decisão de uma compra online em 76% dos inquiridos é o preço, assim como se consideram ser um bom negócio. Há outros critérios que não estão directamente ligados ao preço dos produtos, mas sim à poupança que também importam: 49% admite comprar pela existência de entrega gratuita e 22% preocupa-se com a devolução gratuita.

Apesar de em Portugal se comprar ligeiramente menos do que no resto da Europa (onde 76% faz compras online), Olivier Establet destaca a estabilização dos valores das encomendas, sobretudo tendo em conta que “os portugueses entraram mais tarde no e-commerce”. O responsável detalha: “Os portugueses compraram ao longo do ano (12 vezes em 2022 vs 11,1 em 2023), o que representa, ao mesmo tempo, um crescimento face ao período pré-covid.”

Isto porque, em 2019, já 65% fazia compras online, um total que ascende agora a 71%. Fazem-no cada vez mais de forma constante ao longo do ano, graças à “democratização do e-commerce”, ainda que períodos como a Black Friday, o Natal ou os saldos continuem a registar picos de procura. Entre Novembro e Dezembro, nota o executivo, “a actividade diária esteve cerca de 23% acima da média do ano”.

As compras são feitas sobretudo em lojas online estrangeiras, com Espanha a encabeçar a lista (61%), seguida da China (58%) e Reino Unido (33%). As principais categorias são moda (59%), beleza e saúde (51%) e calçado (41%). Só as categorias de livros (-10%) e tecnologia (-9%) registaram uma quebra relativamente ao ano anterior. Em moda, outro estudo conduzido pelos CTT, dá conta que o site que os portugueses mais encomendaram em 2023 foi a Shein, seguida da Zara.

Crescimento da segunda mão

A maior tendência a assinalar em 2023 é o crescimento das plataformas C2C (consumidor para consumidor), para comprar e vender artigos, especialmente em segunda mão. “Está a crescer e será para manter, na medida em que os portugueses estão mais conscientes das vantagens da economia circular e preocupados com o impacte ambiental dos produtos, das entregas e dos comportamentos de consumo”, destaca Olivier Establet.

Seis em cada dez compradores regulares já utilizam estas plataformas e 42% justifica a sua compra como uma forma de apoiar “uma economia mais responsável”. As redes sociais continuam a ter um papel importante nas compras em segunda mão, sendo utilizadas por oito em cada dez e-shoopers.

Contribuindo para a diminuição da pegada ambiental das compras, tem crescido igualmente (27%) a procura por entregas fora de casa, através de opções como os cacifos ou as lojas com ponto de recolha. “Os utilizadores são, na sua maioria, mais jovens e compram mais categorias de produtos online”, sublinha o responsável da DPD, que já tem “300 cacifos e 1100 lojas de norte a sul” do país.

Além dos 1006 portugueses inquiridos, o estudo contou com mais de 24 mil entrevistas em 22 países europeus a consumidores anónimos, que receberam pelo menos uma encomenda ao longo do último ano.

Sugerir correcção
Comentar