Portugal é o país da Europa onde os consumidores online são mais sensíveis ao preço, diz o novo Barómetro e-Shooper, apresentado nesta quarta-feira pela Geopost, um grupo de entrega de encomendas. Apesar de Portugal continuar a ter menos clientes das lojas online do que a média europeia, 71% dos mais de mil inquiridos admite ter feito compras através da Internet em 2023. Destaque, ainda, para o aumento das compras em segunda mão.
“Verificamos uma maior consciencialização dos portugueses para o tema da poupança e para a procura de compras mais vantajosas e com preços mais competitivos, realidade que se torna mais evidente sobretudo em cenários onde a conjuntura económica impacta mais a carteira das famílias, como a inflação”, começa por contextualizar ao PÚBLICO Olivier Establet, CEO da DPD Portugal, empresa de transporte expresso que integra o grupo Geopost.
O factor mais importante para a decisão de uma compra online em 76% dos inquiridos é o preço, assim como se consideram ser um bom negócio. Há outros critérios que não estão directamente ligados ao preço dos produtos, mas sim à poupança que também importam: 49% admite comprar pela existência de entrega gratuita e 22% preocupa-se com a devolução gratuita.
Apesar de em Portugal se comprar ligeiramente menos do que no resto da Europa (onde 76% faz compras online), Olivier Establet destaca a estabilização dos valores das encomendas, sobretudo tendo em conta que “os portugueses entraram mais tarde no e-commerce”. O responsável detalha: “Os portugueses compraram ao longo do ano (12 vezes em 2022 vs 11,1 em 2023), o que representa, ao mesmo tempo, um crescimento face ao período pré-covid.”
Isto porque, em 2019, já 65% fazia compras online, um total que ascende agora a 71%. Fazem-no cada vez mais de forma constante ao longo do ano, graças à “democratização do e-commerce”, ainda que períodos como a Black Friday, o Natal ou os saldos continuem a registar picos de procura. Entre Novembro e Dezembro, nota o executivo, “a actividade diária esteve cerca de 23% acima da média do ano”.
As compras são feitas sobretudo em lojas online estrangeiras, com Espanha a encabeçar a lista (61%), seguida da China (58%) e Reino Unido (33%). As principais categorias são moda (59%), beleza e saúde (51%) e calçado (41%). Só as categorias de livros (-10%) e tecnologia (-9%) registaram uma quebra relativamente ao ano anterior. Em moda, outro estudo conduzido pelos CTT, dá conta que o site que os portugueses mais encomendaram em 2023 foi a Shein, seguida da Zara.
Crescimento da segunda mão
A maior tendência a assinalar em 2023 é o crescimento das plataformas C2C (consumidor para consumidor), para comprar e vender artigos, especialmente em segunda mão. “Está a crescer e será para manter, na medida em que os portugueses estão mais conscientes das vantagens da economia circular e preocupados com o impacte ambiental dos produtos, das entregas e dos comportamentos de consumo”, destaca Olivier Establet.
Seis em cada dez compradores regulares já utilizam estas plataformas e 42% justifica a sua compra como uma forma de apoiar “uma economia mais responsável”. As redes sociais continuam a ter um papel importante nas compras em segunda mão, sendo utilizadas por oito em cada dez e-shoopers.
Contribuindo para a diminuição da pegada ambiental das compras, tem crescido igualmente (27%) a procura por entregas fora de casa, através de opções como os cacifos ou as lojas com ponto de recolha. “Os utilizadores são, na sua maioria, mais jovens e compram mais categorias de produtos online”, sublinha o responsável da DPD, que já tem “300 cacifos e 1100 lojas de norte a sul” do país.
Além dos 1006 portugueses inquiridos, o estudo contou com mais de 24 mil entrevistas em 22 países europeus a consumidores anónimos, que receberam pelo menos uma encomenda ao longo do último ano.