Top 5 dos comentários (nem sempre agradáveis) que gémeos e pais têm de ouvir
Mal as miúdas aprenderam a falar então as perguntas eram diretas a elas “Quando a tua irmã está doente, tu sentes?”, “Vão ter o mesmo namorado?”, “Consegues adivinhar o que a tua irmã pensa?”
Querida Mãe,
Acho que em todas as nossas birras nunca fiz uma sobre ter estado grávida de gémeos! Mas hoje, quando ouvi uma senhora a perguntar a uma mãe no supermercado se os cinco filhos eram "todos do mesmo pai?", lembrei-me das loucuras que me disseram e que as “gémeas” ainda ouvem. Aqui fica o top 5!
#1 Uma senhora olhou para elas e para mim e perguntou: "Não são gémeas verdadeiras, pois não?" Respondi que sim, que eram monozigóticas (de um só óvulo), e ela durante os 15 minutos seguintes — sim, foram 15 minutos! — argumentou agressivamente que era impossível serem “verdadeiras”, porque uma era (naquele momento) ligeiramente mais alta do que a outra! Talvez ainda lá esteja a falar sozinha.
#2 "Qual é a antipática e qual é a simpática?" Pergunta que recebi várias vezes à frente das pobres crianças! E isso era quando perguntavam porque, por vezes, sentenciavam diretamente, aproveitando o sorriso de uma para dizer:"Ah pois, vê-se logo que aquela é a simpática e a outra a refilona."
#3 "Teve gémeos?"
— Sim!
"Ai que horror! Que inferno, eu não conseguia."
#4 "Aposto que o pai não as consegue distinguir, vamos experimentar." Esta era a que mais magoava o meu marido, quando entusiasticamente tentavam "apanhá-lo" a enganar-se.
#5 Mal as miúdas aprenderam a falar então as perguntas eram diretas a elas "Quando a tua irmã está doente, tu sentes?", "Vão ter o mesmo namorado?", "Consegues adivinhar o que a tua irmã pensa?"
Mãe, tem mais para acrescentar à coleção?
Beijinhos
Querida Ana,
Estou sempre a dizer que o jackpot das avós é ter gémeas, porque é sempre preciso mais um colo, mas agora que me mandaste esta lista, comecei a lembrar-me de outros, mas também da tua reação a eles. Esqueceste-te de acrescentar um que é cada vez mais comum, e que me deixa sempre de boca aberta — “Foi natural ou de inseminação?” Lembras-te?
É que os comentários seriam sempre disparatados, e um sinal exterior de que há muito mais gente maluca do que julgamos, mas dizer estas coisas a uma recém-mãe de gémeos, privada de sono e hormonal é a receita para o desastre. É verdade que nunca é por mal, e se calhar agora, como avó, apanhavas-me a dizer um contra-senso qualquer, só para meter conversa...
Mas o que mais me impressiona em relação ao fascínio/obsessão sobre gémeos, que aliás é ancestral, é como as pessoas se esquecem, mesmo quando eles já são mais velhos, de que são mesmo duas pessoas autónomas e diferentes (erro que, por vezes, até os próprios pais parecem esquecer, vestindo-os de igual).
Tratarem-nos por “gémeos”, em lugar de pelo próprio nome, sem fazerem um esforço para os distinguir e pior, terrível mesmo, mas tão frequente, comparando todos os movimentos e ações, sempre à procura de encontrar um "melhor" e um "pior", um "mais simpático" e um "menos".
É claro que é fascinante observar dois seres humanos que partilharam um ventre e que, às vezes, parecem fotocópias, mas é absurdo esquecer que se a natureza os dividiu é porque cada um tinha algo de muito especial para oferecer!
Beijinhos e muita paciência.
O Birras de Mãe, uma avó/mãe (e também sogra) e uma mãe/filha, logo de quatro filhos, separadas pela quarentena, começaram a escrever-se diariamente, para falar dos medos, irritações, perplexidade, raivas, mal-entendidos, mas também da sensação de perfeita comunhão que — ocasionalmente! — as invade. E, passado o confinamento, perceberam que não queriam perder este canal de comunicação, na esperança de que quem as leia, mãe ou avó, sinta que é de si que falam. As autoras escrevem segundo o Acordo Ortográfico de 1990