Marine Le Pen será julgada no Outono por suspeita de desvio de fundos da UE

Caso diz respeito a “desvio de fundos públicos” que o Parlamento Europeu estimou, em 2018, ser de 6,8 milhões de euros.

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Marine Le Pen, a principal figura da União Nacional JOSÉ SENA GOULÃO/Lusa
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A ex-líder do partido de extrema-direita de França, Marine Le Pen, e 26 membros da União Nacional (RN, na sigla em francês) serão julgados em Setembro por suspeita de desvio de fundos europeus, anunciou o Tribunal de Paris nesta quinta-feira.

“Poderemos finalmente defender-nos”, disse o ex-vice-presidente da União Nacional e presidente da Câmara de Perpignan, Louis Aliot, que, juntamente com Marine Le Pen, nega as acusações de que é alvo.

Os magistrados suspeitam que, entre 2004 e 2016, os representantes do partido puseram em prática “de maneira concertada e deliberada” um “sistema de desvio” das verbas (21 mil euros por mês) atribuídos pela União Europeia (UE) a cada eurodeputado para pagar a assistentes parlamentares que trabalhavam total ou parcialmente para o partido.

O tribunal decidirá a 3 de Julho, após parecer de peritos, se o pai de Marine Le Pen e fundador da Frente Nacional (FN), depois renomeada União Nacional num processo de desradicalização, Jean-Marie Le Pen, de 95 anos, está apto a preparar a sua defesa e a assistir ao julgamento.

“O senhor Le Pen já não se pode deslocar e as suas faculdades estão consideravelmente afectadas”, declarou ao tribunal o seu advogado, François Wagner.

Entre os arguidos estão também 11 eurodeputados eleitos nas listas da FN, 12 dos seus assistentes parlamentares e quatro funcionários do partido.

A investigação teve início em Março de 2015, quando o Parlamento Europeu anunciou que tinha remetido para o gabinete antifraude da UE possíveis irregularidades cometidas pela FN relativamente aos salários pagos aos assistentes parlamentares.

Em 2016, as investigações foram entregues a dois juízes de instrução financeira de Paris.

Marine Le Pen, que liderou o partido entre 2011 e 2021, foi acusada, em Junho de 2017, de abuso de confiança e cumplicidade, acusações posteriormente reclassificadas como “desvio de fundos públicos”. Em 2018, o Parlamento Europeu estimou as suas perdas em 6,8 milhões de euros nos anos de 2009 a 2017.

O anúncio do Tribunal de Paris surge a pouca distância das eleições para o Parlamento Europeu, que decorrem de 6 a 9 de Junho, nas quais o partido RN liderado por Jordan Bardella está em vantagem nas sondagens, com 30% das intenções de voto dos eleitores em França.