Justiça francesa rejeita pedido de Le Pen contra designação de “extrema-direita”
O partido de Marine Le Pen, União Nacional, contestou a designação “extrema-direita” utilizada pelo Ministério do Interior para classificar os candidatos às eleições senatoriais de Setembro.
O Conselho de Estado francês rejeitou um pedido do partido de Marine Le Pen que contestava a designação como "extrema-direita" na classificação do Ministério do Interior dos candidatos às eleições senatoriais de Setembro.
O partido União Nacional, herdeiro da Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen, alegou que a circular do Ministério do Interior que classifica os candidatos do seu partido como de "extrema-direita" prejudicava a "honestidade do escrutínio".
O partido denunciou "uma diferença de tratamento injustificada" com o Partido Comunista e a França Insubmissa (esquerda radical), classificados no bloco da "esquerda".
A atribuição dos blocos ("extrema-esquerda", "esquerda", "outro", "centro", "direita" ou "extrema-direita") é da competência das prefeituras, para efeitos de "análise eleitoral" e de "tornar os resultados eleitorais mais claros para o público", como sublinha o ministério na sua circular.
O Conselho de Estado, o mais alto tribunal administrativo francês, confirmou uma primeira decisão provisória em Setembro de 2023 relativa ao partido de Marine Le Pen, que protesta regularmente por ser classificado como de extrema-direita.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, e o seu novo chefe de governo, Gabriel Attal, deram sinais, em Fevereiro, de alargar o "arco republicano", seguindo o exemplo de outros países europeus, como a Itália.
Emmanuel Macron, por exemplo, considerou "perfeitamente normal" dialogar com o partido de Marine Le Pen, que está representado no Parlamento, enquanto Attal referiu que o “arco republicano é o hemiciclo” – onde têm assento 88 deputados da União Nacional, entre 577 eleitos -, marcando uma ruptura com a sua antecessora, Elisabeth Borne, que excluía "os extremos".
O "arco republicano" é uma noção muito utilizada pelo campo presidencial, desde o primeiro mandato de Macron, para distinguir os extremos (tanto de direita como de esquerda) dos partidos de governo da esquerda e da direita clássicas.
Mas, no final de Fevereiro, o primeiro-ministro francês disse que havia "razões para pensar se as tropas de Vladimir Putin não estariam já em França", visando nominalmente Marine Le Pen, numa tensa troca de argumentos no Parlamento com a deputada, favorita para as eleições presidenciais de 2027, e acusada de ser próxima do Presidente russo.
A três meses das eleições europeias que serão cruciais para a maioria presidencial em França, o campo de Emmanuel Macron está a tentar contrariar uma extrema-direita que é amplamente apontada como favorita.