APA vai contestar acção do Ministério Público contra central solar em Santiago do Cacém
De acordo com a APA, a acção de impugnação interposta pelo Ministério Público “não tem quaisquer efeitos suspensivos” sobre a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) do projecto.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) vai contestar a acção do Ministério Público (MP) para procurar impugnar a construção de uma central solar em Santiago do Cacém (Setúbal), considerando que esta não tem efeitos suspensivos.
Num comunicado publicado hoje no seu site, a APA revelou que "estão a ser analisadas as alegações" do Ministério Público na acção pública interposta pelo Departamento Central de Contencioso do Estado e Interesses Colectivos e Difusos no final de Janeiro no Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Beja. "Estão a ser analisadas as alegações do Ministério Público e, oportunamente, será apresentada em juízo a contestação da APA", explicou aquele organismo.
De acordo com a APA, a acção de impugnação interposta pelo Ministério Público "não tem quaisquer efeitos suspensivos" sobre a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) do projecto.
A acção visa impugnar o "licenciamento ambiental do projecto de execução de uma central solar fotovoltaica no concelho de Santiago do Cacém com uma área de implantação prevista de cerca de 1000 hectares (10.000.000 m2), actualmente ocupada com usos maioritariamente florestais", indicou o MP numa nota publicada na página de Internet da Procuradoria-Geral da República (PGR).
"Fundamenta a interposição da acção pública a avaliação referente à desconformidade da licença com um alargado conjunto de instrumentos de gestão territorial e de regimes jurídicos de protecção de recursos naturais", lê-se na mesma nota.
Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, "o procedimento de avaliação de impacte ambiental decorreu de acordo com os trâmites legais previstos no regime de AIA [Avaliação de Impacte Ambiental], tendo a decisão final sido suportada na ponderação dos impactos positivos e negativos associados ao projecto".
De entre eles, "o contributo do projecto para a neutralidade carbónica e para o cumprimento dos compromissos assumidos por Portugal nesse contexto, bem como o facto de estar previsto um conjunto de outras medidas de minimização e de compensação dos impactes" como a "redução da área do projecto e o afastamento de elementos sensíveis", precisou.
De acordo com a APA, "os pareceres desfavoráveis correspondem a um fase intermédia do processo, que ditou alterações ao projecto, levando nomeadamente à redução da área, permitindo ir ao encontro das preocupações expressas em consulta pública e dos aspectos críticos identificados nos pareceres emitidos pela Comissão de Avaliação". Quanto "ao abate florestal de 1,5 milhões de árvores (povoamentos de eucaliptos), respeitam aos dados do projecto inicial", esclareceu a Agência Portuguesa do Ambiente.
"O projecto aprovado incorpora a diminuição das áreas de eucaliptos a abater, através da desocupação de áreas com elementos de projecto (aproximadamente em 120 hectares) e a substituição de áreas com eucaliptal por espécies autóctones (dentro e fora do perímetro vedado)", lê-se no comunicado. Ainda segundo a APA, "a DIA estabeleceu a necessidade de compensação das árvores a abater" e, no que respeita "ao regime da REN, foi demonstrada a compatibilidade do projecto conforme reflectido na DIA".
O projecto da Iberdrola, em parceria com a Prosolia Energy, prevê a construção de uma mega central fotovoltaica na União de Freguesias de São Domingos e Vale de Água, com 1200 megawatts (MW) de potência instalada.