Dar as boas-vindas à Primavera

Um livro que convida à descoberta da natureza, levando-nos a fazer uso de todos os sentidos. Aproveitemos as serras e os bosques, que a Primavera já chegou.

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“Às vezes o bosque... é um mago”: “As teias de aranha retêm a humidade e permitem que a água se condense (...). Mas a teia de aranha faz algo mais: captura o invisível, para nos lembrar de que a magia existe e se chama vida” Ina Hristova
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“Às vezes o bosque... sonha com o fogo": “Chegado o momento, um caule lenhoso crescerá até encontrar a superfície e aí brotará então um incêndio de flores” Ina Hristova
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“Às vezes o bosque... esconde o nascimento da luz”: “Alguma vez viste o cintilar dos pirilampos a surgir na escuridão, no limiar de um bosque?” Ina Hristova
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“Às vezes o bosque... contém outros bosques em miniatura”: “O musgo e os líquenes crescem sobre a casca das árvores. Alguns deles lembram árvores pequeninas” Ina Hristova
Abelha
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“Às vezes o bosque... é um reino humilde”: “Quando se aproxima o final do Outono, as jovens abelhas-rainhas saem do ninho. A sua mãe morreu” Ina Hristova
Galinhola americana
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“Às vezes o bosque... desata a sua beleza feroz”: “O bosque teme o estrondo das espingardas porque muitas vezes anunciam a morte da beleza” Ina Hristova
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Capa do livro Às Vezes o Bosque..., editado pela Akiara Books Ina Hristova
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Logo de início, Alex Nogués informa: “Para ler este livro, precisas de um bosque. E de um pau para inventar um caminho. E de tempo. Necessitas de tempo para observar. Para ler este livro, precisas também de uns óculos invisíveis, com lentes de realidade aumentada. Não te aflijas. Esses óculos já os tens; nasceram contigo.”

Assim nos convoca o autor, formado em Geologia, mas que a dada altura da sua vida se dedicou exclusivamente à escrita de livros para a infância e juventude. Tema recorrente: a natureza. Diz de si próprio: “Nasci longe do bosque, na Primavera de 1976. Desde então, poderia escrever a minha biografia num mapa de bosques e matagais. O Moncayo, as colinas de Montseny, o Montsec, as Salines Bassegoda, o Jura, as Gavarres.”

Especializado em paleontologia e águas subterrâneas, sente-se afortunado por viver em Bisbal d’Empordá (Catalunha). “Tenho a sorte de sair todos os dias para a natureza e poder partilhar o que ela me transmite. Às vezes, o bosque ensina-me coisas de mim mesmo e do mundo que me rodeia, e isso ajuda-me a escrever.”

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“Às vezes o bosque... é um desenho infantil”: “Há mais de três mil e quinhentos milhões de anos que a vida brinca e experimenta” Ina Hristova

Esses ensinamentos são aqui transpostos de forma poética, mas também com rigor científico. O leitor, seja qual for a sua idade, ficará mais apto a compreender as mudanças nos bosques ao longo das estações e também a deixar-se fascinar com o que a natureza lhe oferece. “Deixa-te encantar e que o inesperado te encontre”, é o desejo que o escritor dirige a quem está deste lado das páginas, motivando-o a ir ao encontro das serras, dos bosques, dos espaços verdes.

No livro, cada plano abre, na página da esquerda, com a frase “Às vezes o bosque…”, que se completa de várias formas na página da direita, “… é um desenho infantil”, “… está repleto de duendes japoneses”, “… é um imenso relógio”, “… é um mago”, “… canta e é uma canção”, “… conta-nos a sua história”, “… é um reino humilde”, etc.

Nestes diferentes enquadramentos, dão-se a conhecer características de vários animais, como o cuco viver uma grande parte do ano em África e na Primavera deslocar-se “para a Europa para procriar (como as cegonhas, as andorinhas os papa-figos, os abelharucos e tantos outros pássaros)”; de diferentes plantas, como o facto de o musgo se agarrar “à rocha dura” e ser “uma das plantas terrestres mais antigas e simples que existem”. E é a estas rochas almofadadas que o autor chama “minúsculos jardins japoneses do bosque”, lugares onde o equilíbrio respira. Para concluir: “A vida é isso. Um equilíbrio instável que se reinventa a cada instante.”

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“Às vezes... o bosque está repleto de duendes japoneses”: “O equilíbrio respira-se nos minúsculos jardins japoneses do bosque” Ina Hristova

Infância feliz na Bulgária

Igualmente poéticas são as ilustrações de Ina Hristova, que cria um ambiente meio bucólico, meio fantástico, com cores vivas, mas não berrantes, e pormenores que convidam a determo-nos demoradamente em cada imagem. A contemplação começa aqui.

Também ela tem vivências felizes de ligação à natureza, talvez por isso esta parceria resulte tão bem. “Nasci na Bulgária em 1988, numa pequena cidade cheia de poesia, alfazema e vinhedos. Subia às nogueiras no jardim dos meus avós, via crescer as plantas e os animais, e admirava os pirilampos que faziam vibrar a noite”, conta numa breve nota biográfica no início do livro.

Depois de o bosque hibernar, no Inverno, os ramos nus “irão ler o céu”. Será através dos matizes de luz que saberão da chegada da Primavera e então “chamarão o cuco para anunciar que está tudo em ordem”. Ela surge e “começa um novo ano para o bosque”.

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“Às vezes o bosque enraíza-se nas nuvens”: “No Inverno, as folhas murcham e o céu envolve os ramos nus. O bosque hiberna” Ina Hristova

O autor não se despede do leitor sem antes lhe dizer, no capítulo “Às vezes o bosque… está dentro de ti”: “Os bosques são o lar ancestral, o da infância da humanidade e da infância de cada ser humano. Neles se guarda a inocência e a beleza do mundo. Cuidar deles é cultivar essas qualidades em nós mesmos.” Feliz Primavera.

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