Endrick é a cara de um novo Brasil

Triunfo dos “canarinhos” em Wembley sobre a Inglaterra, por 1-0, com Wendell a jogar de início. Em Lyon, Alemanha bateu a França por 2-0.

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Endrick com a selecção brasileira às costas Reuters/Carl Recine
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Não é exagero nenhum dizer que o Brasil, a única selecção da história a ganhar cinco títulos mundiais, precisa de uma grande reconstrução. A “canarinha” ganhou apenas três dos nove jogos que disputou, um período em que teve dois interinos, ficou sem Neymar por lesão e perdeu com os seus maiores adversários continentais (Argentina, Colômbia e Uruguai). Fartou-se de esperar por Ancelotti, recorreu a Dorival Júnior e, no primeiro jogo com o seu novo treinador, ganhou a uma das melhores selecções da actualidade e num estádio com nome mítico. E com um golo de alguém que será o melhor símbolo da renovação de talento que o Brasil precisa.

Em Wembley, o Brasil bateu a Inglaterra, por 1-0, com um golo de Endrick, jovem avançado do Palmeiras que já está contratado pelo Real Madrid. Aos 17 anos e oito meses de idade, Endrick tornou-se no quarto mais jovem de sempre a marcar pela selecção brasileira, sendo que dois dos que se estrearam antes são “apenas” Pelé (16 anos e oito meses) e Ronaldo (17 anos e sete meses). O ponta-de-lança em quem Abel Ferreira apostou está em boa companhia…

A narrativa principal deste jogo dirigido pelo português Artur Soares Dias era a de um confronto entre duas selecções em momentos diferentes: um Brasil em fase de projecto, uma Inglaterra consolidada. Dorival estreou cinco internacionais, entre eles o lateral portista Wendell (Pepê e Galeno não saíram do banco), Southgate foi menos experimental, apenas estreando no "onze" o extremo do Newcastle Anthony Gordon – e, como não tinha Harry Kane, lançou o excelente Ollie Watkins, do Aston Villa.

A verdade é que foi o Brasil a ter as melhores oportunidades, bem dirigido pelo regressado Lucas Paquetá e a aproveitar da melhor maneira a velocidade e a capacidade de improviso do seu trio da frente, Rodrygo, Vinicius e Raphinha. Na primeira parte, foram, pelo menos, quatro bolas de golo, entre elas um remate de Paquetá que acertou no poste, mas o Brasil acabaria por ter a fortuna do seu lado aos 80’. Na cara de Jordan Pickford, Vinicius acertou no guarda-redes do Everton, mas a jogada teve seguimento para Endrick, que encostou para o golo da primeira vitória brasileira em Wembley nos últimos 29 anos.

Golo-relâmpago de Wirtz

Tal como o Inglaterra-Brasil, o França-Alemanha em Lyon também era um confronto entre duas equipas em momentos diferentes, os “bleus” como uma das melhores selecções da actualidade, a “Mannschaft” cheia de dúvidas a poucos meses de receber o Europeu. Mas a equipa de Julian Nagelsmann já estava a ganhar sete segundos após o apito inicial.

Logo na bola de saída, Toni Kroos fez o passe para Florian Wirtz e o homem do Bayer Leverkusen atirou de fora da área para o 1-0 – o segundo golo mais rápido de sempre em jogos de selecções, sendo que o mais rápido também foi obtido neste sábado, pelo austríaco Christoph Baumgartner, que demorou apenas seis segundos para inaugurar o marcador frente à Eslováquia.

A França foi sempre uma sombra de si mesma e a Alemanha mostrou uma força inesperada. O domínio alemão foi ainda mais evidente na segunda parte, com o 2-0 a chegar aos 49’. Uma grande desmarcação de Jamal Musiala a que se seguiu uma grande assistência para Kai Havertz fazer o segundo golo dos germânicos.

Terá sido uma exibição e um resultado para tranquilizar os adeptos do país que vai receber o Euro 2024 e dar alguma margem de manobra a Nagelsmann, enquanto os franceses, que jogaram sem Griezmann, têm de arranjar outro plano que não seja meter a bola em Kylian Mbappé e esperar que ele resolva.

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