Ataques russos deixam mais de um milhão de ucranianos sem energia

Bombardeamentos dirigidos contra a infra-estrutura energética da Ucrânia atingiram a maior barragem do país. Zelensky volta a pedir mais sistemas de defesa antiaérea.

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A região de Zaporijjia foi um dos alvos dos bombardeamentos russos Reuters/IVAN FEDOREOV VIA TELEGRAM
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A Rússia lançou esta sexta-feira um dos maiores ataques contra a infra-estrutura energética da Ucrânia desde o início da guerra, atingindo a maior barragem do país e causando pelo menos dois mortos e 14 feridos.

A barragem de DniproHES, na cidade de Zaporijjia, no Sul do país, registou danos nas suas estruturas hidráulicas e na própria barragem, informou a empresa estatal de energia hidroeléctrica Ukrhydroenergo, acrescentando que não existia, no entanto, risco de ruptura.

O Ministério do Interior ucraniano informou que duas pessoas morreram e oito ficaram feridas na província de Khmelnitsky, no Oeste do país, registando-se mais seis feridos na região de Zaporijjia, no Sudeste, onde três pessoas estão desaparecidas.

A força aérea ucraniana disse que as defesas antiaéreas foram capazes de abater 55 dos 63 drones explosivos Shahed, de fabrico iraniano, e 37 dos 88 mísseis lançados pela Rússia durante os ataques.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse no Telegram que os bombardeamentos tiveram como alvos principais centrais eléctricas, linhas de transmissão de energia e uma central hidroeléctrica, deixando mais de um milhão de ucranianos sem electricidade.

Os ataques afectaram cerca de 700 mil residentes na região de Kharkiv, pelo menos 200 mil nas regiões de Odessa e Dnipropetrovsk e outros 110 mil na região central de Poltava, disse Oleksiy Kuleba, vice-chefe da administração presidencial.

O ministro ucraniano da Energia, German Galuschenko, classificou o bombardeamento da madrugada desta sexta-feira como "o maior ataque à indústria energética da Ucrânia nos últimos tempos".

O ataque causou também o corte temporário de uma das duas linhas de energia que abastecem a central nuclear em Zaporijjia, ocupada por Moscovo, acrescentou Galushchenko.

“Esta situação é extremamente perigosa e ameaça desencadear uma situação de emergência, porque, em caso de corte da última linha de comunicação com a rede eléctrica nacional, a central nuclear de Zaporijjia estará à beira de um novo apagão”, alertou a Energoatom, a operadora da central.

A dimensão do ataque russo serviu para o Presidente ucraniano insistir que a Ucrânia necessita de mais sistemas de defesa antiaérea para “proteger pessoas, infra-estruturas, casas e barragens”.

“É importante compreender o custo dos atrasos e das decisões adiadas”, acrescentou Zelensky, que na quarta-feira tinha pedido ao Conselho Europeu, que está reunido em Bruxelas, mais sistemas de defesa antiaérea.

“Os aliados sabem exactamente o que é necessário. E eles podem dar-nos. Estas soluções são necessárias. A vida deve ser protegida”, defendeu Zelensky.

Os ataques desta sexta-feira acontecem um dia depois de a Rússia ter lançado mais de 30 mísseis contra a capital ucraniana, Kiev, todos abatidos pelas defesas antiaéreas. A maior parte da Ucrânia está menos protegida do que a capital e, como tal, mais vulnerável ao arsenal de mísseis russos.

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