Na linha de Cascais, a viagem ainda só se faz com autocarros, mas “até são bons”

Entre o Cais do Sodré e Cascais, a circulação de comboios esteve cortada o dia todo devido a um incêndio na linha. O circuito está a ser assegurado por autocarros, mas há quem tenha “pouco tempo”.

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É já desde as 8h08 que a linha de Cascais está encerrada devido a um incêndio na linha, junto ao Cais do Sodré Carolina Bastos Pereira
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Junto à estação do Cais do Sodré, em Lisboa, a fila para o autocarro que substitui os comboios vai aumentando à medida que a tarde desta terça-feira avança. É já desde as 8h08 que a linha de Cascais está encerrada devido a um incêndio na linha, junto ao Cais do Sodré, que afectou uma "subestação eléctrica" e foi extinto pouco antes das 9h, conta ao PÚBLICO a Comboios de Portugal (CP). "Ainda não há informação de quando vai reabrir", explica ainda o funcionário que, em frente ao recinto fechado por uma fita, vai explicando aos clientes onde podem apanhar o autocarro disponibilizado pela CP e que assegura o transporte até Algés.

Da estação de comboios, as pessoas deslocam-se para o outro lado da estrada (para a paragem do autocarro 22B da Carris), onde durante a tarde os autocarros partem com menos de 10 minutos de intervalo. "Depois, de Algés até Cascais, a linha já funciona", clarifica a CP. Mas os azares não ficaram por aqui: também em Algés houve uma complicação num veículo: o AMV (Aparelho de Mudança de Via), mais conhecido como "agulha", avariou, o que interrompeu a circulação durante algum tempo. No entanto, garante a empresa, esse assunto "já está resolvido".

A meio da tarde já está alguma fila, mas foi de manhã, entre as 11h e a hora de almoço que Josilete, que trabalha no café em frente à paragem de autocarros, viu o passeio "encher-se de gente", com uma "fila enorme" que não permitia que toda a gente entrasse no mesmo autocarro. "Até pensei que, com tudo isto, o café fosse encher, mas nem por isso", confessa.

"É uma chatice", vai-se ouvindo pela rua à medida que a fila aumenta, e os autocarros partem já cheios, deixando algumas pessoas à espera do próximo. "Não nos deixam ir de pé", como nos autocarros da Carris, mas "se não fosse assim, tínhamos de ir de táxi às nossas próprias custas", atiram para o ar alguns moradores da zona de Cascais que aguardam ao calor. Não há um horário certo para passarem os veículos, "depende do trânsito", dizem os funcionários da CP que monitorizam a fila.

Quando chega a viatura, os bilhetes ou passes mensais da CP ou Navegante que iam ser usados no comboio também pode ser usados no autocarro, mas "ninguém está a ver quem tem passe e quem não tem", diz quem está mais avançado na fila e consegue espreitar lá para dentro.

Ainda assim, "até estão a ser rápidos", diz Ana Marques, que não apanhou o primeiro autocarro, que já ia cheio, mas já está habituada ao percurso. "Quando a linha avariou em anos anteriores, já tinha apanhado destes autocarros, até são bons e não demoram muito", conta. Vive em Paço de Arcos, e por isso, depois do autocarro, vai ter de apanhar o comboio desde Algés até lá. Também trabalha num café, e a fila de manhã via-se pela janela: "agora espero aqui um bocadinho, não há problema, também não podemos estar sempre a dizer mal", diz.

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Mas a história é diferente para Madalina, turista da Roménia que queria ir com os amigos até Cascais para visitar a praia. Agora, hesitam na ideia: "temos pouco tempo, é o nosso último dia", e por isso, com a confusão dos autocarros, não sabem o que fazer, porque não conhecem os eléctricos (que também vão até Algés, com um custo mais elevado – 3.10€ por bilhete). Além disso, as máquinas de venda de bilhetes da CP não estão a funcionar e apresentam um sinal de aviso.

Na linha, perto de Santos, enquanto o aviso de proibição de passagem de peões ainda soa, vêem-se os dois comboios ainda parados, de onde cerca de 500 pessoas foram retiradas após a comunicação do incêndio. Ao longo da via, há também trabalhadores que tentam resolver a situação.

O mês passado, dias 24 e 25, e este mês, dias 1 e 2, a linha estivera já cortada devido a obras entre o Cais do Sodré e Algés, e o percurso tinha sido assegurado por autocarros disponibilizados pela CP. Em Janeiro, a CP também tinha já suprimido centenas de comboios devido a greves de funcionários por todo o país.

Texto editado por Pedro Sales Dias

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