Leia para o seu filho: está a prepará-lo para aprender a ler e a escrever

Os hábitos de leitura facilitam a compreensão da relação entre a escrita e a leitura, já que através da exploração de histórias a criança apreende as funções da escrita.

Foto
Desde cedo, as crianças começam a escolher os livros que querem ver e ouvir ler DR/Picsea via Unsplash
Ouça este artigo
00:00
03:55

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A audição de histórias desde tenra idade contribui para o desenvolvimento da linguagem oral, ou seja, permite aumentar o vocabulário da criança. Ouvir histórias permite a aquisição de novos conhecimentos e estimula o interesse da criança pela aprendizagem.

Em relação à aprendizagem da leitura e da escrita, está comprovado que a audição de histórias ajuda nesta aquisição, pois uma criança que ouve histórias terá mais ideias e mais criatividade para inventar e escrever uma história.

A criança que está habituada a inventar histórias oralmente terá mais facilidade em escrever um texto, obedecendo a uma sequência lógica de ideias e coerência textual.

Numa fase posterior, a audição de histórias vai contribuir para a capacidade da compreensão da leitura e ajuda a criar hábitos de leitura, pois uma criança que sempre ouviu histórias vai ter mais vontade de ler histórias quando aprender a ler.

Os hábitos de leitura facilitam a compreensão da relação entre a escrita e a leitura, já que através da exploração de histórias a criança apreende as funções da escrita.

Costumo dizer que as crianças refletem o que observam. Os adultos são os modelos ou referências para a criança, por isso, se uma criança observar os adultos a ler, terá mais probabilidades de desenvolver comportamentos e atitudes características de um leitor.

O contacto com os livros deve começar desde que uma criança nasce. Numa primeira fase, as crianças devem poder explorar os livros livremente. Posteriormente, os adultos devem apontar as figuras que estão no livro e dizer o seu nome em voz alta, pedindo que a criança repita.

Desde cedo, as crianças começam a escolher os livros que querem ver e ouvir ler. Ao ler um livro, pode pedir que a criança repita alguma frase ou imite o som de um animal, aproveitando para fazer uma ponte entre o que está no livro e o mundo real. Aproveite para fazer comparações com o que ouviu e o mundo para além do livro.

Para despertar o interesse das crianças pelos livros é bom que quem está a ler use diferentes vozes para representar as diversas personagens e diferentes entoações para representar as diferentes emoções.

Ao terminar a leitura do livro, pode fazer algumas perguntas acerca da história. É importante dar um feedback positivo ao seu filho, por isso deve sorrir, elogiar e encorajar quando responder a alguma questão corretamente, quando nomear uma imagem ou quando conseguir imitar um som.

É importante que os pais vão apontando para as palavras que estão a ler. Esta tarefa vai contribuir para que os filhos adquiram conhecimentos precoces acerca da leitura e da escrita, tais como a direccionalidade da escrita, a fronteira de palavras, a diferença entre frase e palavra.

Para ampliar o vocabulário, é fundamental que leia a história como está no livro sem alterar as palavras desconhecidas, estimulando a que tente descobrir o seu significado. Se isso não acontecer, pode sempre apresentar um sinónimo, mas não substituir a palavra.

Por volta dos 6 anos, dá-se a entrada na escolaridade formal e com ela a aprendizagem formal da leitura e da escrita. Os pais, nesta fase, devem continuar a ler histórias da mesma forma. No entanto, o que vai acontecer é que o seu filho aos poucos vai começar a ler e a pedir para ler pequenas palavras e frases.

Gostava de deixar um alerta: depois de entrar na escola, não devemos deixar de ler para os filhos ou dizer “agora que já sabes ler, lê tu!”, pois pode acontecer que eles passem a ver esta atividade não como um prémio, mas como um castigo. Podem ficar com a sensação de que deixarão de ter aqueles momentos de mimo, com leitura feita pelos pais.

É fundamental encorajar a leitura por parte dos filhos, mas é preciso que tenham consciência de que eles precisam de ajuda. Sempre que notar uma dificuldade, ajude-o. Tem de dar tempo para que se consiga tornar um leitor fluente. Cuidado em não transformar o ato de ler num fardo para a criança, pois se criar um bloqueio emocional terá mais dificuldades em aprender a ler e em compreender o que lê.

É de salientar que a audição de histórias desde cedo contribui para o desenvolvimento da criança de forma holística, permite a aquisição de novos conhecimentos e estimula, ainda, o interesse e a motivação para a aprendizagem da leitura e da escrita.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

Sugerir correcção
Comentar