Líder democrata no Senado diz que Netanyahu é obstáculo à paz e apela a eleições

Chuck Schumer diz que uma nova eleição, “quando a guerra começar a abrandar, dará aos israelitas a oportunidade de expressarem a sua visão para o futuro do pós-guerra”.

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O líder democrata no Senado diz que Netanyahu está mais empenhado na sua sobrevivência política do que nos interesses de Israel Reuters/Craig Hudson
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Chuck Schumer, líder da maioria democrata no senado dos EUA, e o mais alto funcionário judeu eleito no país, afirmou, esta quinta-feira, que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu é um obstáculo à paz e apelou à realização de eleições para a sua substituição. O discurso do senador democrata não contém hesitações nem meias-palavras.

Schumer parte da convicção de que Netanyahu “perdeu o caminho ao permitir que a sua sobrevivência política tenha precedência sobre os melhores interesses de Israel” e que uma nova eleição, “quando a guerra começar a abrandar, dará aos israelitas a oportunidade de expressarem a sua visão para o futuro do pós-guerra”, afirmou num discurso proferido no Senado, citado pelo Washington Post.

O que diz o democrata já foi dito anteriormente, mas é relevante que seja este a apontar o dedo ao primeiro-ministro israelita: “Ele tem estado demasiado disposto a tolerar o custo civil em Gaza, o que está a empurrar o apoio a Israel em todo o mundo para mínimos históricos. Israel não pode sobreviver se se tornar um pária.”

E o que mais contribui para tal são dados como os revelados esta quarta-feira: morreram mais crianças em quatro meses em Gaza do que em quatro anos de guerra em todo o mundo.

Chuck Schumer entende que a coligação criada por Netanyahu não corresponde às necessidades do país após os ataques de 7 de Outubro, que o que impera em Israel é uma visão presa ao passado e, ainda, que a única solução para o conflito de décadas entre judeus e árabes é uma solução de dois Estados: “Um estado palestiniano desmilitarizado a viver lado a lado com Israel em medidas iguais de paz, segurança, prosperidade e dignidade", disse.

Likud reage

Netanyahu sempre rejeitou esta sugestão com veemência, o que leva o democrata a considerar que essa recusa está a pôr em risco o futuro de Israel. “Contrariamente às palavras de Schumer, a opinião pública israelita apoia uma vitória total sobre o Hamas, rejeita quaisquer ditames internacionais que visem a criação de um Estado terrorista palestiniano e opõe-se ao regresso da Autoridade Palestiniana a Gaza”, reagiu o Likud em comunicado, citado pela Reuters. O partido do primeiro-ministro rechaça a hipótese de eleições, garante que a política de Netanyahu tem um amplo apoio público e responde a Schumer dizendo que Israel “não é uma república das bananas”.

Cinco meses depois dos ataques do Hamas que deram início à invasão israelita, sobem de tom as críticas à forma como o governo de Netanyahu tem conduzido as suas operações e a sua insensibilidade para com as vítimas civis. Nos EUA, as críticas são provenientes mais do campo democrata do que do republicano, como era de esperar.

Enquanto os primeiros se afirmam cada vez mais críticos, os segundos mostram-se mais contemporizadores. As vozes que mais contestam Israel quanto à condução da guerra baseiam-se, obviamente, no número de vítimas civis palestinianas, sobretudo entre as crianças.

O voto das comunidades árabes nos EUA pode castigar Joe Biden nas próximas eleições democratas, o que representa um problema para a campanha eleitoral do actual Presidente. Biden tem criticado os excessos de Israel em Gaza, mas a verdade é que os EUA têm sido ineficazes na redução ou resolução deste conflito, que já provocou a morte pela fome de vários civis.

Uma invasão terrestre em Rafah e os obstáculos à entrada de ajuda humanitária em Gaza são duas fontes de discórdia entre Netanyahu e Biden. De resto, o segundo disse à MSNBC, na semana passada, que Netanyahu estava “a prejudicar Israel mais do que a ajudar Israel”.

Convém notar, como sublinhava nesta quinta-feira o The New York Times, que as declarações de Schumer foram proferidas um dia depois de os republicanos terem convidado o primeiro-ministro de Israel para discursar, na condição de convidado especial, num encontro organizado pelo partido em Washington. Netanyahu tinha sido convidado para discursar virtualmente, mas não o fez por incompatibilidades de agenda, tendo sido substituído pelo embaixador israelita nos EUA, Michael Herzog.

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