A crise foi atrás do Benfica para a Liga Europa

“Encarnados” empatam 2-2 com o Glasgow Rangers na Luz, depois de terem estado duas vezes a perder. Segunda mão será na próxima quinta-feira.

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Neres foi um dos mais rematadores do Benfica EPA/FILIPE AMORIM
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O dia do julgamento. Assim foi classificado o Benfica-Rangers desta quinta-feira, a contar para a primeira mão dos oitavos-de-final da Liga Europa. Julgamento de quem? De Roger Schmidt e do próprio Benfica, que perdeu dois jogos seguidos frente a rivais directos. Não bastaria uma vitória frente ao líder do campeonato escocês. Os "encarnados" precisavam de uma vitória robusta para repararem a sua relação com os adeptos. Noventa e cinco minutos depois, nem uma coisa nem outra, apenas um empate (2-2) que deixa tudo em aberto para a segunda mão em Glasgow na próxima quinta-feira.

Os jogos recentes do Benfica têm-se transformado num exercício de adivinhação para quem está de fora. Qual será o plano táctico e estratégico de Roger Schmidt? Depois de duas derrotas e uma tremenda sensação de inferioridade “encarnada” frente aos dois maiores rivais nacionais, era expectável que o técnico alemão mudasse alguma coisa.

Foi o que aconteceu, com a reintrodução de um ponta-de-lança (Arthur Cabral), mais a utilização de um “seis” puro (Florentino) e de um lateral-direito de raiz (Bah), e um na esquerda adaptado (Aursnes, como não podia deixar de ser). Mudanças que implicaram as saídas de Kokçu e João Mário e o reposicionamento de Rafa como segundo avançado, ladeado por Di María e Neres.

Este Rangers, que é uma equipa de topo numa Liga que não é de topo, é uma equipa de processos simples. Não é de pontapé para a frente, mas é de progressão rápida. Não é super técnica, mas é agressiva quando tem de o ser, com boa capacidade física e largura, com o português Fábio Silva a cuidar do lado esquerdo e James Tavernier, o lateral goleador, a avançar pela direita. Em teoria, um Benfica na plena posse dos seus poderes, arrumado e confiante, seria suficiente para o líder do campeonato escocês. Mas o Benfica não é uma equipa confiante e arrumada.

Os primeiros minutos pareciam indiciar um virar de página. Benfica organizado na pressão e consequente no ataque, e, logo aos 4’, Neres teve espaço para avançar e rematar, mas Butland deteve o remate do brasileiro. Mas, à primeira aproximação do Rangers, o Benfica cedeu. A partir da esquerda, uma boa combinação entre Fábio Silva e Diomandé resultou num cruzamento do marfinense e num cabeceamento certeiro de Lawrence. Golo do Rangers na primeira oportunidade – eficácia total para os escoceses, um desastre para o campeão português.

Não era a primeira vez que o Benfica estava em desvantagem esta época. Mas qual seria a versão das “águias” que estava esta noite na Luz? Logo após o golo sofrido, os “encarnados” tiveram duas boas oportunidades na mesma jogada, de novo com Neres a alvejar a baliza e Butland a defender. Na recarga, Cabral permitiu nova intervenção do internacional inglês do Rangers. Butland voltaria a brilhar aos 43’, de novo a ganhar um duelo com Neres após um erro na reposição de bola dele próprio.

Num dos muitos cantos que o Benfica teve na primeira parte – quase todos por Di Maria e para o primeiro poste – os “encarnados” tiveram um golpe de sorte. Em cima dos 45’, Souttar, o único escocês titular do Rangers, fez um corte com a cabeça na direcção do seu braço direito e, após alguns minutos de deliberação com o videoárbitro e visionamento das imagens, o alemão Tobias Stieler marcou penálti. Di María avançou para a marca dos 11 metros e, com a competência habitual, fez o golo do empate.

Só que a primeira parte ainda teria mais uns minutos e mais história para contar. Com cinco minutos corridos no tempo de compensação, Fábio Silva teve espaço para fazer o cruzamento rasteiro e Sterling, quase dentro da baliza, só teve de empurrar. Sem qualquer oposição que se visse dos defesas “encarnados”. E o Benfica ia para o intervalo a perder.

O Benfica tentou ser dominador na segunda parte, mas demorou a criar perigo. Até foi o Rangers a estar perto do 1-3 aos 61’, com uma boa jogada individual sobre António Silva e Bah que terminou num bom remate e numa boa defesa de Trubin.

Depois de quase uma hora sem aparecer no jogo, Rafa começou a acelerar o jogo e Di Maria seguiu-lhe o exemplo. Schmidt trocou de pontas-de-lança, metendo Marcos Leonardo para o lugar de Arthur Cabral, e o Benfica manteve a pressão, muito por acção de João Neves, que é, verdadeiramente, o grande unificador da equipa quando tudo parece partido. E essa pressão deu frutos aos 67’. Di María fez o cruzamento e Goldson cabeceou para o fundo da própria baliza. Ainda teria o Benfica alguma coisa para dar num jogo onde voltou a dar pouco? Nada.

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