O Triângulo dos Açores quer atrair mais portugueses aos seus “mistérios”

Aproveitando a feira de turismo de Lisboa, as ilhas do Faial, Pico e São Jorge unem forças para conquistarem mais visitas ao longo do ano. Mas sem interesse no “turismo de massas”, garante-se.

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No Faial com os olhos no Pico Nuno Ferreira Santos
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Na BTL - Feira de Turismo de Lisboa 2024, agora aberta a profissionais e no fim-de-semana a todo o público, os Açores voltam a brilhar, até um pouco mais, já que este ano são o destino nacional convidado. Mas se todo o arquipélago está em destaque na maior feira turística do país, há um trio de ilhas que aproveita para também chamar a si os holofotes. O Triângulo dos Açores está pronto para o seu close-up.

No grupo central, são as três ilhas do triângulo - Faial, Pico e São Jorge -, são seis municípios (Horta na primeira; Madalena, São Roque, Lajes na segunda; Velas e Calheta na terceira). Estas ilhas, que estão "no coração do arquipélago e do Atlântico", como nos diz Luís Silveira, presidente da câmara de Velas e da Associação de Municípios do Triângulo - durante um almoço de imprensa na "embaixada" gastronómica que é o Espaço Açores no mercado da Ajuda em Lisboa - têm "a vontade genuína e de unanimidade em fazer do Triângulo um destino forte turístico dentro do destino Açores", aproveitando até ser este "um destino na moda".

Se, de Maio a Setembro, como em 2023, o número de visitantes é o dobro do número de residentes (45 mil), já no resto do ano os números são residuais. O Triângulo recebe "110, 120 mil turistas por ano", diz Silveira, referindo que o foco aqui é, por isso mesmo, "reduzir a sazonalidade" e aumentar o "tempo de estadia". "Há que aproveitar o clima ameno da nossa Primavera e do nosso Outono", convida.

Mas, garante, sem grandes pressões. "O turismo é importante, mas não procuramos turismos de massas, queremos que as pessoas vejam nos turistas alguém que traz valor acrescentado, que vem ver o que temos de bom", considera Silveira. Os municípios do triângulo, diz, estão apenas interessados num turismo que não leve a perdas: "Que não faça com que nós possamos perder a nossa maior riqueza, que é vivermos no meio de uma natureza intocada".

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A caminhar para a sagrada Caldeira da Fajã de Santo Cristo, São Jorge manuel roberto

"O turismo não é para nos tirar de qualidade de vida", mas para "estimular a nossa economia local", sublinha. "Mais turistas, mais pessoas que acabam por consumir tudo o que temos de bom", diz, exemplificando; "para além das paisagens magníficas, as nossas carnes, os nossos queijos, os vinhos, artesanato. São determinantes para a vida social destes concelhos e para gerar mais riqueza, mais postos de trabalho".

Referindo que o sobreturismo, já abordado no caso de São Miguel, "não se sente" nestas ilhas, realça que a "época alta não precisa de mais promoção, está cheia e nos seus limites".

Para o resto do ano, une as "armas" do trio insular: "Estar no triângulo é estar sempre com outra ilha ao lado, visitar tês ilhas pelo custo de visitar uma. Mas com três gastronomias, três culturas, três paisagens diferentes".

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Que segredos guarda ainda o Pico? Nuno Alexandre

Já não havendo encaminhamento gratuito aéreo entre as ilhas para não residentes, o foco é nos voos directos para o Pico ou Faial e nas ligações de barco interilhas. "Mas o voo de S. Miguel ou Terceira para uma destas ilhas pode custar menos de 40 euros" e, dentro do triângulo, "sensivelmente 20 euros em viagem nos barcos, novos e modernos, com várias viagens por dia".

"Destino seguro" por natureza - "Não devia dizer isto, mas ainda hoje em dia deixo a porta aberta", confessa o autarca de Velas -, é cada vez mais procurado, refere, por famílias em autoférias, sendo que o número de visitantes portugueses "continua a crescer de ano para ano", tal como particularmente o mercado nórdico. Grande aposta para os próximos anos: o turismo religioso, que "antecipa o Verão com as festas do Espírito Santo, muito ricas em termos culturais, até gastronómicos" e que decorrem nos sete domingos a seguir à Páscoa.

Em paralelo com as autoférias, avança, têm aumentado as unidades de Alojamento Local, mas aqui, defende, o fenómeno não tem "originado os mesmos problemas que no continente". "Tem feito com que se recuperem muitos solares e o outros imóveis no meio rural", pontua, indicando que "o turismo de habitação está a crescer": "Estão a recuperar-se muitos imóveis que estavam em ruínas, sobretudo de famílias que emigraram há muito para EUA ou Canadá". Sendo que é transversal nas recuperações o uso da "construção tradicional em pedra basáltica".

Para seduzir turistas, não faltam maravilhas - muitas delas em destaque agora na BTL em Lisboa: do vulcão dos Capelinhos do Faial e a descida à Caldeira desta Ilha Azul (aqueles "maciços de hortênsias"), entre "falésias, baías, piscinas naturais e praias de areia negra" e a marina da Horta; à Ilha Montanha que é o Pico, entre vinhas e vinhos e os seus currais de pedra vulcânica preta; à ilha das Fajãs que é São Jorge, Reserva da Biosfera, com o monumental queijo e a Caldeira do Santo Cristo, por entre espaços naturais "intocados" como o Parque Florestal das Sete Fontes ou a Poça Simão Dias.

Às "belezas naturais", à "forte gastronomia" e a cada vez mais propostas de actividades - as náuticas, de observação de cetáceos, os desportos radicais e os muitos trilhos pedestres -, Luís Silveira faz questão de acrescentar outra qualidade que une este triângulo e não só: a "arte açoriana do bem receber".

O Triângulo na BTL

No grande stand do Visit Açores na BTL - Feira de Turismo de Lisboa (de sexta a domingo aberta ao público em geral), com o arquipélago como destino nacional convidado, os municípios do Triângulo levam a cabo uma dezena de iniciativas especiais, entre degustações gastronómicas várias (até do gin do célebre Peters do Faial), a apresentação da candidatura do Bote Baleeiro a Património Imaterial da Humanidade (Lajes do Pico), dos festivais de todos os municípios ou do trail Ultra Blue Island (em Maio, no Faial).

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