Corpo de Navalny só deve ser entregue à família daqui a 14 dias

A porta-voz de Navalny revelou que as autoridades russas irão conduzir uma “espécie de exame químico” durante 14 dias e só depois é que o corpo poderá ser entregue aos familiares.

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Autoridades russas irão conduzir uma "espécie de exame químico” ao corpo de Navalny durante 14 dias EPA/KOSTAS TSIRONIS
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O corpo de Alexei Navalny, líder da oposição russa que morreu na passada sexta-feira, não deverá ser entregue à família nos próximos dias. A porta-voz de Navalny revelou esta terça-feira que as autoridades russas irão conduzir uma "espécie de exame químico” durante 14 dias e só depois é que o corpo poderá ser entregue aos familiares.

Esta segunda-feira, num vídeo de nove minutos, a viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, acusou Vladimir Putin de ter matado o seu marido. Navalnaya disse que as autoridades russas estão a esconder o cadáver do opositor porque estão à espera que os vestígios de veneno desapareçam completamente do corpo. Embora não tenha fornecido provas sobre estas acusações, garantiu que a sua equipa publicaria detalhes sobre quem matou o seu marido em breve.

Já esta terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Putin não assistiu ao vídeo da esposa de Navalny, mas garantiu que quaisquer acusações que envolvam o Presidente russo na morte do seu opositor são "absolutamente infundadas e desagradáveis", inclusive as que foram feitas por Yulia Navalnaya.

Na mensagem em vídeo, a viúva de Navalny disse que, no futuro, a única resposta será continuar a luta do seu marido por uma Rússia livre e próspera, afirmando que os russos "querem viver de forma diferente, mesmo que pareça haver pouca esperança". "Ao matar Alexei, Putin matou metade de mim, metade do meu coração e metade da minha alma. Mas ainda tenho a outra metade, e ela diz-me que não tenho o direito de desistir. Vou continuar o trabalho de Alexei Navalny, continuar a lutar pelo nosso país."

Tal como aconteceu em 2020, Navalnaya afirma que o seu marido terá sido novamente envenenado com o agente Novichok, uma arma composta por uma série de químicos, altamente tóxicos, desenvolvida nas décadas de 1970 e 1980, na União Soviética, que pode ser utilizada em pó, dificultando a sua detecção. Ao bloquear a actividade da enzima acetilcolinesterase, causa perturbações na transmissão de informação do cérebro, levando a espasmos musculares contínuos, convulsões, dificuldade em respirar e, em último caso, pode levar à morte por asfixia. O Novichok foi banido o ano passado, depois de ter sido adicionado à lista de substâncias proibidas pela Organização para a Proibição das Armas Químicas.

A morte de Navalny priva a díspar oposição russa do seu líder mais carismático e corajoso, numa altura em que Putin se prepara para uma eleição que o manterá no poder pelo menos até 2030. O Presidente russo avisou que haverá uma resposta forte se potências estrangeiras tentarem interferir nas eleições marcadas para meados de Março.

Navalny ficou inconsciente e morreu subitamente na sexta-feira, depois de uma caminhada na colónia penal Lobo Polar, na Sibéria, onde cumpria uma pena de 30 anos de prisão. O Kremlin disse esta segunda-feira que a investigação sobre a morte está em curso.

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