Navalny: prolongada investigação à morte. Mãe impedida de entrar na morgue

Autoridades russas atrasam novamente entrega do corpo à família. Proibição de acesso ao corpo abrange também os advogados do opositor de Vladimir Putin. Navalny morreu na prisão aos 47 anos.

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Navalny morreu na prisão na passada sexta-feira EPA/ROBERT GHEMENT
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As autoridades russas decidiram prolongar a investigação à morte de Alexei Navalny, opositor de Putin que morreu na prisão na passada sexta-feira, atrasando novamente a entrega do corpo do activista à família. De acordo com a informação avançada pela porta-voz do activista, a escritora Kira Yarmysh, a mãe de Navalny não pode entrar na morgue, sendo-lhe impedido qualquer acesso ao corpo do filho. Esta proibição também se estende aos advogados do activista, detalha a porta-voz.

"O Comité de Investigação informou a mãe e os advogados de que a investigação à morte de Navalny foi prolongada. Não dizem quanto tempo irá durar. A causa da morte é ainda 'desconhecida'", escreve Kira Yarmysh, numa publicação feita na rede social X (antigo Twitter) na manhã desta segunda-feira. A viúva de Navalny viajou até Bruxelas para uma reunião com chefes de diplomacia da União Europeia.

A morte de Navalny foi publicamente conhecida na sexta-feira, com as autoridades russas a já terem negado no sábado os pedidos da família para a entrega do corpo do activista. O corpo só poderá ser visto por uma terceira pessoa assim que forem concluídas as perícias que permitam apurar a causa da morte de Navalny. Kira Yarmysh diz não ter dúvidas de que Navalny foi assassinado, num vídeo publicado no passado sábado nas redes sociais.

Alexei Navalny, um dos principais críticos do Presidente russo, Vladimir Putin, morreu na prisão na passada sexta-feira, aos 47 anos. Navalny cumpria uma pena de 30 anos por vários crimes que o activista dizia serem motivados apenas pela sua oposição ao regime.

Navalny foi detido em 2021, na Rússia, logo após ter regressado da Alemanha, onde esteve a recuperar de um ataque com veneno de que foi alvo em 2020. Quando, no Verão do ano passado, foi condenado a mais 19 anos de prisão, além da pena de 11 anos e meio que já cumpria, Alexei Navalny afirmou que estava "a cumprir uma pena de prisão perpétua" — fosse até ao fim da sua vida ou até ao fim da vida do regime. Morreu a um mês das eleições presidenciais na Rússia, que deverão permitir a Putin manter-se no poder por mais seis anos.

A morte do activista fez sair às ruas milhares de pessoas em todo o mundo. Na Rússia, apesar da forte repressão contra protestos críticos do regime de Vladimir Putin, centenas de pessoas improvisaram memoriais em memória de Navalny.

Flores e velas adornaram as ruas e praças de dezenas de cidades russas, registando-se já a condenação de mais de 150 pessoas, detidas durante estas homenagens.

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