Antigo Twitter suspendeu temporariamente conta da mulher de Navalny. Yulia culpou Putin pela morte num vídeo

Conta esteve suspensa mas rede social reactivou-a pouco depois das 13h30 desta terça-feira. Yulia escrevia diariamente no X após notícia da morte do marido, opositor de Putin.

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Conta da mulher de Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, foi suspensa durante minutos pela rede social X EPA/YVES HERMAN / POOL
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A conta da mulher de Alexei Navalny, opositor político de Putin que morreu na passada sexta-feira, esteve suspensa na rede social X, antigo Twitter, tendo sido reactivada pouco depois das 13h30 desta terça-feira. “Conta suspensa” era a mensagem que surgia quando se tentava aceder à página que Yulia Navalnaya criou e na qual tem diariamente deixado mensagens após a notícia da morte do marido. Além dessa indicação e da menção ao facto de a plataforma suspender as contas que violam as regras da rede social, não era adiantada mais informação.

Durante os minutos em que a conta esteve suspensa, a Fundação Anticorrupção de Navalny mencionou Elon Musk numa publicação para questionar “exactamente que regras foram violadas” por Navalnaya. As contas de outros aliados de Navalny, como a porta-voz Kira Yarmysh, não parecem ter sido afectadas.

A suspensão da conta aconteceu um dia depois de Yulia ter publicado um vídeo no X garantindo que iria "continuar a luta do marido por uma Rússia livre" e responsabilizando Putin pela morte de Alexei Navalny. “Há três dias, Vladimir Putin matou o meu marido, Alexei Navalny. Putin matou o pai dos meus filhos”, acusou. Durante o tempo em que a conta esteve suspensa, foram várias as partilhas de mensagens no antigo Twitter a criticar a decisão.

Na mensagem em vídeo divulgada esta segunda-feira, a viúva de Navalny disse que, no futuro, a única resposta será continuar a luta do seu marido por uma Rússia livre e próspera, afirmando que os russos "querem viver de forma diferente, mesmo que pareça haver pouca esperança". "Ao matar Alexei, Putin matou metade de mim, metade do meu coração e metade da minha alma. Mas ainda tenho a outra metade, e ela diz-me que não tenho o direito de desistir. Vou continuar o trabalho de Alexei Navalny, continuar a lutar pelo nosso país."

Navalnaya sempre apoiou o marido nas suas batalhas com as autoridades russas, comparecendo nas audiências em tribunal, estando ao seu lado em comícios e aguardando a libertação das penas de prisão. "A principal coisa que podemos fazer por Alexei e por nós próprios é continuar a lutar. Mais desesperadamente, mais ferozmente do que antes", disse. "Sabemos exactamente porque é que Putin matou Alexei há três dias", disse Navalnaya. "Vamos contar-vos em breve. Vamos descobrir com certeza quem cometeu este crime e como o cometeu. Vamos dizer os nomes e mostrar as caras", prometeu.

A morte de Navalny priva a díspar oposição russa do seu líder mais carismático e corajoso, numa altura em que Putin se prepara para uma eleição que o manterá no poder pelo menos até 2030. O Presidente russo avisou que haverá uma resposta forte se potências estrangeiras tentarem interferir nas eleições marcadas para meados de Março.

Navalny ficou inconsciente e morreu subitamente na sexta-feira, depois de uma caminhada na colónia penal na Sibéria, onde cumpria uma pena de 30 anos de prisão. Situada a norte do Círculo Polar Árctico, a prisão onde Navalny terá perdido a vida é conhecida como “Lobo Polar”. Os prisioneiros descrevem um ambiente de brutalidade física e psicológica.

O Kremlin disse que a investigação sobre a morte está em curso, mas o corpo de Navalny não deverá ser entregue à família nos próximos dias. A porta-voz de Navalny revelou esta terça-feira que as autoridades russas irão conduzir uma "espécie de exame químico” durante 14 dias e só depois é que o corpo poderá ser entregue aos familiares. "Não me importa que o porta-voz do assassino comente minhas palavras. Devolvam o corpo de Alexei e deixem-no ser enterrado com dignidade, não impeçam as pessoas de se despedirem dele", escreveu a esposa do opositor no X.

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