Continua difícil o acesso de turistas a Machu Picchu, no Peru, devido ao bloqueio da linha de comboio reservada a estrangeiros que visitam uma das maiores atracções turísticas do mundo. Os manifestantes bloqueiam o acesso às ruínas no alto dos Andes desde o dia 25 de Janeiro — deixando alguns turistas retidos —, protestando contra aquilo que consideram ser a “privatização sistemática e centralização dos recursos” da cidade inca e depois de uma empresa privada, a Joinnus, ter passado a gerir e a vender as entradas.
Em resultado dos protestos, há alguns dias que os operadores turísticos e moradores mantêm os seus negócios fechados e o acesso à região vedado. A circulação ferroviária que leva as pessoas desde Cusco ao parque arqueológico também foi suspensa, “por precaução”.
Segundo o Le Figaro, mais de 1200 turistas terão sido retirados do local no último fim-de-semana, devido a este movimento social.
Segundo a ministra da Cultura, Leslie Urteaga, os líderes da mobilização propuseram que o local fosse fechado por questões de segurança, na ausência de diálogo entre as partes. “Vamos avaliar os pedidos do colectivo. Um deles é o encerramento da cidadela. Seria doloroso para todos, mas iremos avaliar”, disse Urteaga à televisão pública.
Na semana passada, os manifestantes iniciaram um novo movimento de greve para denunciar a decisão do Ministério da Cultura de recorrer a um intermediário privado para gerir a venda de bilhetes online, o que consideram ser um primeiro passo para a privatização do local.
A Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru, em consonância com a FDTC (Federacíon Departamental de Trabajadores de Cusco), afirma que a Joinnus poderá beneficiar de até 3,2 milhões de dólares (2,95 milhões de euros) por ano em comissões graças ao novo sistema. Em comunicado, do dia 28, exigem a anulação do contrato que consideram “corrupto e centralista” do Governo com a Joinnus e a restituição da plataforma de venda de bilhetes “moderna, actualizada e fiscalizada” e por isso marcaram uma assembleia para hoje, dia 30.
Protestos, até com recurso a “greve total” na região, já levaram, no passado, a outros encerramentos de Machu Picchu. Em 2023, foi o que aconteceu em Águas Calientes, numa “revolta” em que os manifestantes acusavam as autoridades de deixarem os dividendos maiores do turismo irem para as grandes empresas — e também em solidariedade para com os protestos que decorriam em todo o país.