Ímpar
Aos 70 anos, Oprah Winfrey sente-se “grata” pela “impossibilidade” que é a sua vida
Do pobre e rural Mississípi para o luxuoso bairro de Montecito na Califórnia, a vida de Oprah Winfrey foi uma "impossibilidade". Uma das mais poderosas mulheres da América completa 70 anos.
Oprah Winfrey nasceu a 29 de Janeiro de 1954, fruto de uma gravidez não planeada: a mãe e o pai eram ainda muito jovens e o namoro não era sério. Quando tinha apenas poucos meses de vida, a mãe foi trabalhar para o Wisconsin e deixou a menina aos cuidados da avó, uma mulher dura que lhe batia sempre que ela não conseguia cumprir o que lhe era pedido. E, depois do regresso da mãe, que a levou consigo para Milwaukee, a sua vida não melhorou: o tio e os primos, que foram viver com as duas, abusavam sexualmente dela.
Apesar de ter crescido num meio pobre, estudou numa das melhores escolas do Wisconsin, graças ao facto de ser boa aluna (e ao final da segregação nos Estados Unidos na década de 1960). Mais tarde, na adolescência, foi viver com o pai, em Nashville.
Aos 19 anos, começou a trabalhar como pivot num canal local da CBS e, depois de terminar o curso, tornou-se repórter e co-apresentadora num canal afiliado à ABC, em Baltimore. No entanto, não foi no jornalismo que encontrou o que mais gostava de fazer, mas no infoentretenimento. No ano seguinte, assumiu o papel de co-apresentadora de um programa matinal, People Are Talking.
Foi na década de 1980 que Oprah começou a afirmar-se na televisão norte-americana. Em 1984, mudou-se para Chicago para ser apresentadora de um talk show, que pouco tempo depois se passou a chamar The Oprah Winfrey Show.
Hoje, no dia em que completa 70 anos, Oprah Winfrey é um nome incontornável da cultura norte-americana e, como afirmou numa entrevista recente à People, a distância que vai do sítio onde nasceu ao lugar onde reside, em Montecito, região ultraluxuosa do condado de Santa Barbara, na Califórnia, é tão grande como “Marte está daqui” — em termos físicos, emocionais, dinâmicos, especifica. Uma mudança que, confessa, “sente como uma impossibilidade”.
Na origem, diz a apresentadora, está o filme A Cor Púrpura, épico emocional de Steven Spielberg, de 1985, a partir do romance de Alice Walker (Prémio Pulitzer), no qual interpretou a sofrida Sofia. “Foi um milagre ter conseguido o papel (…) porque não conhecia ninguém na indústria, em Hollywood.”
Com um programa de televisão que durou 25 anos (e ao longo do qual mudou a vida a milhões e recebeu todas as celebridades), uma revista, um canal de televisão, uma empresa de produção, uma série de propriedades e uma fortuna, estimada pela Forbes, de 2,8 mil milhões de dólares (2600 milhões de euros), Oprah Winfrey mantém que só tem uma filosofia na vida: cultivar a gratidão. “De manhã, antes de mais nada, digo ‘obrigada’.”