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Tumultos do bem, em palco e fora dele, no Salgado Faz Anos Fest
Este sábado cumpriu-se nova edição do Salgado Faz Anos Fest, a festa de aniversário que se transformou numa data inescapável da agenda musical do Porto.
Arriscamos dizer que será o mais personalizado, idiossincrático festival em Portugal. Trata-se, afinal, de um festival que é, na verdade, a celebração de um aniversário. Ou melhor, começou por ser isso mesmo, Luís Salgado, programador do Maus Hábitos, no Porto, a soprar velas na "sua" sala, tendo por companhia as bandas e os músicos que mais gostaria de ter perto de si naquele dia.
Foi assim há mais de uma década, quando se estreou o dia de aniversário feito festival, ou seja, O Salgado Faz Anos Fest, mas, daí para cá, a comemoração foi-se transformando, também, num dos pontos altos da programação da sala portuense, foi atraindo mais e mais público, do Porto e bem além, desejoso de cantar os parabéns em modo deliciosamente alucinado, sala a sala, brinde a brinde, concerto a concerto. A edição de 2024, este sábado, dia 27 de Janeiro, explica-o bem.
Luís Salgado aproveita a sua festa da melhor maneira, juntando nomes que se vêm destacando no cenário português, promessas já certezas, e juntando-lhes amigos de longa data, pensemos no Samuel Úria que, de 2014 para cá, só falhou uma edição, criando assim um mosaico vivíssimo de música a contaminar o público que, como habitualmente, lotou o Maus Hábitos e o transformou numa azáfama feliz de gente a preencher cada espaço, cada sala, cada pátio.
Houve Ana Lua Caiano a transportar sozinha a tradição, com convicção e sabedoria, para o nosso presente, houve Samuel Úria e a viola campaniça d'O Gajo. Houve tumulto do bom, aquele tumulto que irrompe quando a distância entre palco e plateia se esbate e um concerto se transforma numa respiração comum, banda a canalizar energia para o público, público a alimentar a banda com fervor (felizmente) incontrolável. Guitarras ao alto, que se abra o mosh pit, venham a nós os crowd surfers, gritemos todos juntos, dancemos como é possível, e assim é que está correcto nesta festa feita catarse colectiva.
Está tudo nas fotos de Paulo Pimenta da noite de sábado: os magnificamente tumultuosos Hetta, a irresistível dança feita hipnose kraut'n'roll dos Maquina, a aceleração insaciável dos Cobrafuma, mestres thrash num novo século. Lentes apontadas em várias direcções, porque é disso que se trata na festa Salgado: estão todos convidados, estão todos comprometidos, a celebração é que o acontece no palco e é o que vemos fora dele enquanto a música acontece.