Activistas atiram sopa à Mona Lisa em solidariedade com agricultores franceses

A obra de Leonardo, uma das mais famosas pinturas do mundo, exposta no Louvre, em Paris, está protegida por vidro à prova de bala. É o segundo ataque em menos de um ano.

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A pintura de Leonardo da Vinci, exposta no Louvre, em Paris, está protegida por vidro à prova de bala Riposte Alimentaire / Handout/Anadolu via Getty Images
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A famosa Mona Lisa (1503), de Leonardo da Vinci, voltou esta manhã a ser alvo de uma acção de protesto. Segundo a agência de notícias France-Presse, o protesto foi encabeçado por duas manifestantes, que lançaram sopa vermelha e cor de laranja em direcção à obra exposta no Museu do Louvre, em Paris, por entre os “gritos da multidão [que se encontrava] no museu”. A acção foi assumida pelo colectivo Riposte Alimentaire, que exige o direito a “alimentos saudáveis e sustentáveis”.

A pintura está protegida por vidro à prova de bala e não ficou danificada, garantiu entretanto o Louvre.

Esta acção vem na sequência dos protestos dos agricultores em França, que têm ganhado tracção nos últimos dias em várias regiões do país: os manifestantes estão a bloquear estradas para exigir que o governo de Emmanuel Macron tome medidas contra a pressão dos preços, a subida dos impostos, os baixos salários e uma regulamentação que dizem “sufocante” em matéria de protecção ambiental.

“O que é mais importante? A arte ou o direito a uma alimentação saudável e sustentável”, perguntaram as manifestantes, colocando-se em frente à pintura de Leonardo, enquanto alguns funcionários do Louvre tentavam tapá-las. “O vosso sistema agrícola está doente. Os nossos agricultores estão a morrer no trabalho. Um francês em cada três não cozinha todas as suas refeições todos os dias”, afirmaram as activistas. Segundo o jornal francês Libération, a sopa foi escondida numa garrafa térmica de café, sendo possível entrar no museu com alimentos.

Num comunicado de imprensa enviado à France-Presse, o colectivo Riposte Alimentaire descreve-se como "uma campanha de resistência civil francesa que visa impulsionar uma mudança social e climática radical”. Esta acção contra a Mona Lisa é apresentada como “o pontapé de saída" de um movimento que reivindica "uma exigência clara em prol de todos: segurança social para uma alimentação sustentável”.

“A Mona Lisa, tal como o nosso património, pertence às gerações futuras. Nenhuma causa pode justificar que seja alvo de ataques”, escreveu a ministra da Cultura francesa, Rachida Dati, na rede social X (antigo Twitter). “Não tenho a certeza de que a Mona Lisa seja o maior poluidor de França. Qual é o objectivo?”, questionou, por sua vez, a porta-voz do Governo, Prisca Thévenot, no canal de televisão France 3.

Segundo o Libération, o Museu do Louvre, o mais visitado do mundo, activou rapidamente uma unidade de crise: a sala onde se encontrava a obra foi evacuada e está a ser limpa.

Este é o mais recente capítulo de uma vaga de protestos levados a cabo por activistas contra obras de arte mundialmente famosas. Em Maio de 2022, a Mona Lisa já havia sido alvo de um ataque com uma tarte de creme, num alerta ecológico sobre o estado do planeta. Também aí, sobreviveu intacta.

Em Portugal, regista-se apenas um caso recente no museu do Centro Cultural de Belém, onde, em Outubro do ano passado, dois activistas do colectivo Climáximo cobriram com tinta vermelha a obra Femme dans un fauteuil (métamorphose), de Pablo Picasso. “Não há arte num planeta morto”, afirmou então um dos activistas. “Os Governos e as empresas declararam guerra à sociedade. Estão-nos a matar”, acrescentou outra activista. Protegida por um acrílico, a obra não sofreu danos.

Notícia actualizada com as reacções do Governo francês

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