Área Metropolitana do Porto aperta fiscalização da Unir em Fevereiro

Autarcas têm queixas da operação que arrancou no dia 1 de Dezembro. Em 700 autocarros, há ainda perto de 100 que não têm validadores. Tribunal de Contas analisa criação de empresa metropolitana.

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Operação da Unir arrancou com autocarros que ainda não tinham a imagem da marca. Nelson Garrido
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Apesar de a operação ter começado no primeiro dia de Dezembro de 2023, o serviço dos autocarros metropolitanos da Unir continua com problemas. A partir de Fevereiro, a Área Metropolitana do Porto vai controlar mais um sistema de transportes que ainda origina múltiplas queixas dos seus utilizadores.

Na reunião do conselho metropolitano, que decorreu nesta sexta-feira, os autarcas de Oliveira de Azeméis e de Vale de Cambra, que integram o lote 5 (o único que continua sem horários publicados), deram nota dos problemas que persistem.

“Já asseguramos cinco autocarros diários para tentar minimizar ou atenuar problemas”, disse o presidente da câmara de Oliveira de Azeméis, Joaquim Jorge Ferreira (PS), que lamentou a falta de informação disponível junto da Área Metropolitana do Porto. Ferreira acrescentou que deixará de garantir as cinco viaturas por dia. Também o autarca de Vale de Cambra, José Alberto Pinheiro e Silva (CDS), mostrou-se preocupado com a faltam de publicação de horários e com o que diz ser a desadequação de linhas.

Ambos questionaram o presidente do conselho metropolitano, Eduardo Vítor Rodrigues, sobre as diligências da AMP para obrigar o operador, que neste caso é a empresa Xerbus, a cumprir o estipulado no contrato de concessão e se está a “equacionar penalizações”.

Em resposta, o também autarca de Gaia reconheceu dificuldades no início da operação, principalmente nos lotes em que mudou a empresa, como foi o caso, mas alertou para os riscos de dificultar a vida aos recém-chegados. É que estes já estão com problemas por causa da escassez de motoristas e de viaturas disponíveis, mas também pelos operadores que perderam os concursos.

Defendeu uma “lógica pedagógica” numa primeira fase, até porque “levar até às últimas consequências o que está no contrato” pode significar que a empresa se vai embora. Se tal acontecer, terá de haver um novo concurso público. Eduardo Vítor recorda que, para os lotes agora em operação, esse mesmo procedimento levou mais de dois anos. Disse que há compromissos, pediu paciência e acrescentou: “a partir de determinada altura, sim, avançamos para a fiscalização”.

"Ao fim destes dois meses”, a AMP está em condições “de avançar para uma nova etapa”, disse já no final da reunião, aos jornalistas. Reconheceu que o caderno de encargos definido nos contratos de concessão só ainda não estava “totalmente no terreno” por falta de capacidade dos operadores, mas acredita que isso será ultrapassado depois de uma fase inicial de “transição e ajustamento”.

Diz também que vai aumentar o nível de exigência e que a presença de validadores nos autocarros da Unir passará a ser generalizada. Ainda assim, neste momento, há cerca de 100 veículos sem validadores, numa frota de perto de 700. Só com estas máquinas é que poderão ser validados os títulos de transporte Andante, que, com a Unir, passaram a estar disponíveis em toda a área metropolitana.

Mas os dispositivos são importantes por outro motivo: servem como meios de geolocalização prioritária, mas também fornecem à AMP informação relevante – como quantas pessoas utilizam os autocarros e quais as paragens utilizadas – para ajustar linhas e percursos.

Parte importante para fazer com que a Unir deixe de ser apenas a marca sob a qual circulam os autocarros dos vários lotes da AMP é a empresa metropolitana de transportes, cuja criação foi submetida ao Tribunal de Contas. Apesar de a data do parecer do Tribunal de Contas ser uma incógnita, Eduardo Vítor Rodrigues conta ter o “trabalho de casa” feito em Junho, para depois pôr a empresa a funcionar.

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