A comercialização de vinhos do Porto e Douro sofreu um decréscimo de 1% em valor em 2023, ficando-se pelos 615 milhões de euros, quando em 2022 havia registado um valor recorde de 625 milhões de euros. Segundo dados facultados ao PÚBLICO pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), as vendas em território nacional, incluindo o turismo que nos visita, e as vendas dos vinhos com Denominação de Origem Controlada (DOC) Douro compensaram as quebras nas exportações e no vinho do Porto e quase permitiram "zerar" a balança.
Dos 615,5 milhões de euros de vendas totais, 359 milhões foram conseguidos na exportação, o que representa um decréscimo de 4,7% face a 2022, e 256 milhões no mercado interno, um acréscimo de 4,7%. Em volume, a região vendeu mais lá fora, 7,4 milhões de caixas de nove litros (uma variação negativa de 7,7%), do que cá dentro, onde escoou 5,4 milhões de caixas (menos 2,6%).
Mas o preço médio por litro que conseguiu no mercado nacional foi mais elevado: 5,28 euros (mais 7,4%). Nos mercados externos, esse valor médio por litro foi de 5,36 euros (mais 3,3%).
No geral da Região Demarcada do Douro (RDD), as vendas caíram então em valor e em volume também — a região duriense vendeu 12,8 milhões de caixas, o que representou uma quebra de 5,6%. Mas subiu o preço médio por litro: 5,33 euros (mais 4,9%). Graças ao mercado nacional, como já vimos. Mas também ao crescimento dos vinhos DOC Douro.
Em valor, o vinho do Porto significou, no ano passado, 367 milhões de euros (menos 3,2%), enquanto os DOC Douro fizeram 227 milhões (mais 2,7%). Em volume, ambas as Denominações de Origem (DO) registaram quedas: menos 6,1% a DO "Porto" e menos 4,2% a DO "Douro". No preço médio por litro, a primeira conseguiu 5,59 euros (mais 3,1%), o que se explicará com o crescimento das categorias especiais de vinho do Porto, e a segunda 5,04 euros (mais 7,1%).
Principais mercados
Portugal foi o primeiro mercado do vinho do Porto: 78 milhões de euros (mais 5,2%) e preço médio por litro nos 6,23 euros, um valor bem acima dos valores a que vendemos os nossos Portos na maioria dos mercados internacionais (excepções para EUA, Dinamarca e Canadá, onde o preço médio ronda os 10 euros).
Seguem-se a França, com 64 milhões (menos 9,3%), o Reino Unido, com 42 milhões de euros (mais 7%), e os Países Baixos, com 34 milhões de euros (mais 3,3%), os dois últimos a ultrapassar os EUA (34 milhões de euros, menos 12,6%).
Nos vinhos DOC Douro, também lidera o mercado nacional, que surge destacadíssimo em primeiro: 159 milhões de euros (mais 4,9%) e 5,03 de preço médio por litro. Seguem-se o Canadá (11 milhões de euros, menos 8,2%), o Reino Unido (10 milhões de euros, menos 4,8%) e o Brasil (sete milhões de euros, mas a crescer a dois dígitos; mais 22,5%)
Em relação às outras DO, o Moscatel do Douro representou ao todo 15,5 milhões de euros e o Espumante Douro 869 mil euros, mas é a evolução deste que capta a atenção. O espumante produzido e certificado cresceu 8,7% em valor, apesar de registar um ligeiro decréscimo em volume (10 mil caixas de nove litros, menos 0,6%). A explicação está no preço médio por litro: 9,27 euros (mais 9,4%). O Moscatel do Douro também cresceu em valor (mais 3,7%) e caiu em volume, vendendo 428 mil caixas (menos 2,9%). O preço médio ainda é baixo – 4,03 euros –, mas está a subir (mais 6,8%).
Finalmente, uma nota para as Indicações Geográficas Protegidas (IGP) Duriense (vinhos tranquilos – ou vinhos comuns, resultantes da fermentação normal) e Espumante Duriense. A IGP Duriense deu um trambolhão nas vendas: 4,6 milhões de euros (uma variação negativa de 16,2%), equivalentes a 93 mil caixas de nove litros (menos 38,8%). Mas viu o preço médio por litro subir 36,9%, para 5,44 euros. O Espumante Duriense é praticamente insignificante nas contas da região demarcada: 202 mil euros (mais 2,2%), quatro mil caixas de nove litros (menos 19,7%), 5,15 euros de preço médio (mais 27,4%).
Regra geral, as vendas caíram em volume, mas aumentou o valor a que o Douro está a vender os seus vinhos, tenham eles DOP ou IGP.