Ética e justiça para menores

“Isto não é justo”, dizem com frequência as crianças. Um ciclo de actividades no Lu.Ca leva-as a reflectir sobre o que isso significa. A ética também é para ali chamada.

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Uma Ideia de Justiça, de Joana Providência, pelo Teatro do Bolhão Cortesia Lu.Ca/Pedro Figueiredo
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Posso Fazer? Devo Fazer?, oficina orientada por Joana Rita Sousa Cortesia Lu.Ca/José Frade
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A Quinta dos Animais, de Tonan Quito Cortesia Lu.Ca./Manuel Lino
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Uma Ideia de Justiça, de Joana Providência, pelo Teatro do Bolhão Cortesia Lu.Ca/Pedro Figueiredo
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Exposição Grandes Dilemas, com curadoria de Joana Rita Sousa e concepção gráfica de Ágata Ventura Cortesia Lu.Ca/Enric Vives-Rubio
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Curso livre Ética e Justiça na Literatura Infantil, ministrado por Soraya Nour Sckell DR
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Desde o início de Janeiro que o Lu.Ca, Teatro Luís de Camões, em Lisboa, convida as crianças a pensar sobre o que é certo e errado nas relações entre nós. O Ciclo Ética e Justiça ocorre no teatro e nas escolas e já chegou a mais de 700 espectadores. A aceitação das crianças e adultos foi tal que se propõem repetir o ciclo em 2026.

A directora artística do teatro, Susana Menezes, descreve ao PÚBLICO as motivações da iniciativa: “É um assunto que consideramos urgente. A ética e a justiça num tempo em que vivemos no meio de guerras longas, sempre incompreensíveis, que se alastram entre países. A ética no contexto de guerra e de conflito armado tem como base fundamental a ‘noção’ do que é justo, associado ao ‘direito’ de fazer a guerra, enquanto forma de autoprotecção.”

Certa de que a ideia “sobre fazer guerra tem, naturalmente, a subjectividade própria da sua avaliação”, acrescenta, via email: “Achámos que era muito importante propor uma reflexão sobre as acções em convivência, consideradas tanto no âmbito colectivo quanto no âmbito individual, baseados nos padrões morais em sociedade, procurando responder ao ‘como devemos viver?’ ou ‘como devemos agir?’.”

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A Quinta dos Animais, de Tonan Quito Cortesia Lu.Ca/Manuel Lino

Estes propósitos traduzem-se em várias actividades, algumas já realizadas e outras por realizar. Aquelas em que ainda se pode participar ou a que se pode assistir são Os Três Porquinhos: Uma Questão de Justiça, de Ana Lúcia Palminha e Soraya Nour Sckel (20 Janeiro, 11h30); A Quinta dos Animais, de Tonan Quito, 20 e 21 de Janeiro, a oficina Posso Fazer? Devo Fazer?, orientada por Joana Rita Sousa (22 a 31 de Janeiro, para escolas), a peça Uma Ideia de Justiça, de Joana Providência, pelo Teatro do Bolhão (24 a 28 de Janeiro, para escolas e famílias), e a exposição Grandes Dilemas, até 31 de Janeiro.

Antes, houve sessões de leitura por Bru Junça, A Palavra Contada é a Justiça; curtas-metragens no Festival Play, Isto Não É Justo; um curso livre sobre Ética e Justiça na Literatura Infantil, de Soraya Nour Sckell.

Troca de ideias entre públicos, artistas e mediadores

Susana Menezes explica como “este ciclo procura proporcionar um momento de encontro com a ética entendida como um dos princípios mais importantes no desenvolvimento social das crianças porque se refere à consciência do que é certo e errado nas relações com as outras pessoas”.

Para concluir, a actriz que dirigiu durante dez anos a programação infanto-juvenil do Teatro Maria Matos diz: “Na verdade, ética e justiça caminham juntas. A justiça, ou seja, as questões que dizem respeito às leis, pode promover os princípios morais e éticos. Ao mesmo tempo, a virtude da ética, no interior de cada um de nós, pode guiar o aperfeiçoamento das leis.”

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A exposição Grandes Dilemas decorre até 31 de Janeiro no Teatro Luís de Camões, em Lisboa Cortesia Lu.Ca/Enric Vives-Rubio

A adesão das crianças e das famílias ultrapassou as expectativas. “Acho que os adultos se preocupam cada vez mais com a formação cultural das crianças, temos assistido a isso ao longo deste tempo no Lu.Ca”, afirma Susana Menezes, que quer salientar as “propostas de automediação, no entrepiso [do teatro]”. Traduzindo: são acções que “propõem uma aproximação às obras, como é o caso dos Pontos de Escuta e da Biblioteca do Público”.

Valoriza também a prática e estratégia seguidas pelo Lu.Ca: “Considero que o nosso programa faz em permanência mediação de assuntos complexos, utilizando diferentes formatos artísticos, que muitas vezes são ainda acompanhados de conversas antes e/ou depois dos espectáculos, abrindo espaço para a discussão e troca de ideias entre públicos, artistas e mediadores.” Justo.

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