Animais

Carlos fotografa os “animais imperfeitos” que seriam os últimos a ser adoptados

Carlos Filipe começou a fotografar animais abandonados há seis anos, quando o cão Boris lhe apareceu à porta. Os retratos e as legendas contam a história de cada um deles e quem as vê vai aos abrigos para os adoptar.

Carlos fotografa animais para adopção Carlos Filipe
Fotogaleria
Carlos fotografa animais para adopção Carlos Filipe

São já seis anos de câmara na mão para capturar os focinhos e os olhares de milhares de animais que vivem em associações de protecção animal em Portugal. Carlos Filipe chama-lhes “amigos imperfeitos”, cães e gatos que até agora ninguém quis ou que foram abandonados por serem velhos, terem ficado com problemas de saúde ou porque os donos simplesmente se fartaram deles.

Foi o que aconteceu a Boris, o cão que lhe apareceu à porta de casa. Tinha dois meses, uma corda à volta do pescoço e medo de se aproximar de humanos. O fotógrafo e antigo professor do ensino básico levou-o para casa e, com o passar do tempo, começou a tirar-lhe fotografias. Hoje faz o mesmo pelos que ainda esperam por uma família.

“Queria ajudar associações que têm animais como o Boris. Combinei ir com os voluntários de um abrigo para os sítios onde faziam os resgates, tirava fotografias aos animais e doava-lhes o dinheiro das imagens. Angariei quase cinco mil euros num ano e a partir daí comecei a ser contactado por outras associações", explica em entrevista ao P3.

Trabalha nas zonas Alentejo, Marinha Grande e Algarve, onde vive. Visita associações e canis pelo menos uma vez por mês para fotografar centenas de animais que chegaram há pouco tempo. No estúdio que tem em Lagos recebe outros tantos, fica a saber as situações em que viviam e conta-as nas legendas das imagens do Instagram Carlos Filipe Photography. A antiga dona da cadela Lyra quis deixá-la morrer depois de ter sido atropelada e ficar sem uma das patas e os de Leão acorrentaram-no durante dez anos e deitaram-lhe ácido para o focinho. Morreu um dia depois de ser fotografado.

Carlos conta que já conheceu perto de três mil animais e conseguiu que mil fossem adoptados. Recentemente encontrou várias crias de cães “a cozer ao sol” dentro de um saco e resgatou outro que tinha um tumor do quintal onde vivia.

No estúdio conta com a ajuda de Boris que se deita ao lado dos animais para os acalmar. Depois afasta-se e é a vez de Carlos entrar em acção. Quando trabalha com cães usa sons, brinquedos e comida para que fiquem quietos. Alguns ficam sérios, outros com as orelhas em sentido e um ou outro parece até que sorri.

“Com os gatos é mais difícil. Tento que reajam a pequenos sons como o arranhar de uma superfície e trabalhar com mais calma”, explica. Quando são cegos e surdos, algo que acontece com frequência, a confiança nasce com o toque e o cheiro.

Além da fotografia e escrita, visita escolas primárias acompanhado por Boris e Lyra, a cadela com três patas que tem agora outra dona, para ensinar os mais novos sobre a importância de respeitar os animais. Boris continua a manter-se afastado de pessoas, mas Carlos já se habituou. “Só lhe mexo se ele estiver para aí virado. É um oportunista.”

Fotografa-os pro bono
Fotografa-os pro bono Carlos Filipe
Quando os animais são cegos e surdos trabalha com o toque e o cheiro
Quando os animais são cegos e surdos trabalha com o toque e o cheiro Carlos Filipe
Por vezes, os cães parecem sorrir
Por vezes, os cães parecem sorrir CARLOS FILIPE�
Usa comida e brinquedos para os conseguir fotografar
Usa comida e brinquedos para os conseguir fotografar Carlos Filipe
Os gatos reagem a pequenos sons
Os gatos reagem a pequenos sons Carlos Filipe
Visita associações e canis do Algarve, Alentejo e Marina Grande
Visita associações e canis do Algarve, Alentejo e Marina Grande Carlos Filipe
<i>Lyra</i> ficou sem uma pata depois de ter sido atropelada
Lyra ficou sem uma pata depois de ter sido atropelada Carlos Filipe
Os cães com deficiência estão retratados no livro <i>Amigos Imperfeitos</i>
Os cães com deficiência estão retratados no livro Amigos Imperfeitos Carlos Filipe
Fotografou perto de 3 mil animais
Fotografou perto de 3 mil animais Carlos Filipe
Mais de mil animais foram adoptados
Mais de mil animais foram adoptados Carlos Filipe
Também resgatou alguns cães vítimas de maus tratos
Também resgatou alguns cães vítimas de maus tratos Carlos Filipe
Muitos dos cães para adopção são cegos, velhos, ficaram sem patas ou têm as orelhas cortadas
Muitos dos cães para adopção são cegos, velhos, ficaram sem patas ou têm as orelhas cortadas Carlos Filipe
Muitos dos cães para adopção são cegos, velhos, ficaram sem patas ou têm as orelhas cortadas
Muitos dos cães para adopção são cegos, velhos, ficaram sem patas ou têm as orelhas cortadas Carlos Filipe
A maioria das fotografias são tiradas em estúdio
A maioria das fotografias são tiradas em estúdio Carlos Filipe
Também fotografa os animais depois de adoptados
Também fotografa os animais depois de adoptados Carlos Filipe
Também fotografa os animais depois de adoptados
Também fotografa os animais depois de adoptados Carlos Filipe
Visita os abrigos uma vez por mês
Visita os abrigos uma vez por mês Carlos Filipe
O fotógrafo visita escolas para ensinar aos mais novos a respeitarem os animais
O fotógrafo visita escolas para ensinar aos mais novos a respeitarem os animais Carlos Filipe
Carlos com o cão <i>Boris</i>
Carlos com o cão Boris Carlos Filipe