Novo livro junta gastronomia e vinhos das Aldeias Históricas de Portugal

Não é um livro de receitas, é um trabalho de investigação sobre a história das receitas e dos vinhos de 12 aldeias históricas da Beira Interior. Com 28 produtores de vinho em destaque.

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São saberes e sabores de 12 aldeias dr
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“Receitas Que Contam Histórias - Carta Gastronómica e Vinhos das Aldeias Históricas de Portugal” reúne, ao longo de mais de 400 páginas, a história gastronómica de 12 aldeias históricas de Portugal. O livro, editado pela Leya e lançado a 13 de Dezembro na Livraria Bucholz, em Lisboa, é o resultado de uma pesquisa da investigadora de história e cultura gastronómica Olga Cavaleiro.

A ideia partiu das Aldeias Históricas de Portugal, que desafiou a autora a investigar esta “arqueologia alimentar”, conta Dalila Dias, directora executiva da Rede de Aldeias Históricas. “Depois de todo um trabalho dedicado ao levantamento do receituário e à experimentação desse receituário, convidámos a Comissão Vitivinícola [da Beira Interior] para fazer a harmonização dos vinhos existentes com o que de melhor se conseguiu recolher no território junto das pessoas.”

Olga Cavaleiro passou quatro meses no terreno a fazer a recolha das receitas da região junto dos habitantes das 12 aldeias históricas: Marialva, Castelo Rodrigo, Trancoso, Almeida, Linhares, Castelo Mendo, Belmonte, Sortelha, Piódão, Castelo Novo, Idanha-a-Velha e Monsanto. “Quis perceber a gastronomia sobretudo a partir dos lugares, do lastro geográfico que cada comunidade tem, daquilo que recebem da própria natureza e do que mais se produzia”, conta a autora. “Depois quis perceber essa gastronomia tendo em conta as particularidades das pessoas, das suas histórias.”

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Olga Cavaleiro dr

A parte final do livro é dedicada ao vinho, à sua história, tradição na região e formas de consumo, e é assinada pelos investigadores Constança Vieira de Andrade, Virgílio Loureiro (que já tinham assinado o livro Beira Interior — Os Vinhos que Vêm do Frio, lançado há um ano) e Maria Pilar Reis. Aqui, além de explicarem a paisagem vitivinícola da Beira Interior e a existência de lagares rupestres, os autores enumeram e caracterizam as principais castas da região, incluindo endógenas como a Síria, Fonte-Cal, Marufo ou Rufete, o “ex-líbris das castas tintas da Beira Interior”, como lhe chamam.

No livro são também enumerados os 28 produtores de vinho em actividade nas áreas destas aldeias, numa lista que inclui ainda as marcas lançadas no mercado. “Em Sortelha não há produtor de vinhos, mas há dois em Belmonte e jogámos com essa proximidade”, explica Rodolfo Queirós, presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior, entidade responsável pelas escolhas de vinhos do livro, “os que melhor casassem com o receituário”.

A Carta Gastronómica aborda ainda os hábitos de consumo de vinho nas aldeias históricas, por exemplo, em casamentos e dias festivos, ou aos domingos, quando o vinho era “o companheiro masculino dos domingos e feriados, único dia de descanso do trabalhador agrícola”, lê-se. Também inclui um capítulo sobre o papel do vinho na conservação de alimentos, na confecção de refeições ou na medicina tradicional, usado com “mel, canela e seis ovos” para curar “afecções dos pulmões”.

Segundo Dalila Dias, directora executiva da Rede de Aldeias Históricas, o objectivo foi também preparar os restaurantes da região para disponibilizarem algumas das receitas do livro, acompanhadas com vinhos da Beira Interior. Para já são 13 os estabelecimentos com um menu especial Aldeias de Portugal: Casa do Castelo, Belmonte Sinai Hotel, Casa da Esquila, Casa da Cisterna, Taverna da Matilde, Colmeal Countryside Hotel, Pedra Nova, O Pecado, Cova da Loba, Dom Gabriel, D'Aqui e d'Acolá, Pé de Cabra e Monsanto GeoHotel Escola.

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