Warner Bros. e Paramount em conversações sobre possível fusão
Gigantes do cinema e da televisão discutem aproximação com sinergias à vista no streaming, onde a Netflix lidera.
A Warner Bros. Discovery e a Paramount, dois gigantes mundiais da indústria audiovisual, iniciaram conversações sobre uma potencial fusão, revelou nesta quarta-feira o site noticioso norte-americano Axios. O possível negócio enquadra-se num movimento geral de consolidação na área, com a fusão recente de vários serviços e de arquivos de streaming nos Estados Unidos. Bob Bakish e David Zaslav, presidentes executivos da Paramount e da Warner Bros. Discovery, respectivamente, encontraram-se esta terça-feira na sede da Paramount em Nova Iorque para discutir o cenário, acrescenta o New York Times. O mesmo jornal recorda que Shari Redstone, accionista maioritária da Paramount, através da National Amusements, expressou recentemente interesse em alienar a sua participação.
A Warner Bros. Discovery, com um valor de mercado estimado esta quarta-feira em cerca de 29 mil milhões de dólares (26,4 mil milhões de euros), é detentora dos estúdios de cinema e de televisão Warner Bros., da DC Comics, da HBO, da plataforma de streaming Max (HBO Max em Portugal), dos canais Discovery, da CNN, da Eurosport e de outros importantes activos. A Paramount, avaliada em cerca de 10 mil milhões de dólares (9,1 mil milhões de euros), é proprietária dos estúdios de cinema e televisão e da plataforma de streaming do mesmo nome, bem como dos canais CBS, MTV, Comedy Central e Nickelodeon, e de marcas internacionais como o Channel 5 britânico ou a Telefe argentina.
Segundo o Axios, a Warner Bros. já terá contratado instituições bancárias para arquitectar a potencial fusão com a Paramount. O site adianta que a exploração de possíveis sinergias entre o património dos dois grupos poderá passar pela fusão da CNN com a CBS News, criando um novo canal global de notícias, e pela junção das plataformas de streaming destes gigantes, em vista ao reforço da competição com adversários como a Netflix, Disney e Amazon.
Tanto a Paramount como a Warner Bros. Discovery deparam-se, tal como outros dos seus concorrentes históricos, com uma mudança de paradigma em curso no negócio da televisão, com as receitas da televisão linear a recuar, à medida que milhões de consumidores deixam o cabo para trás, como, por outro lado, com o streaming a atingir um ponto de saturação, com os espectadores e os anunciantes a não conseguirem acompanhar a rápida multiplicação de serviços on demand. Mesmo dentro de cada grupo, a tendência agora é de juntar catálogos de séries e de filmes de plataformas outrora comercializadas de forma autónoma, como são exemplo a progressiva fusão da Hulu com a Disney+ e a absorção da Showtime pela Paramount+.
Adicionalmente, a transmissão em directo de ligas desportivas tem feito o seu caminho, nos Estados Unidos, rumo a plataformas de streaming outrora compostas exclusivamente por filmes e séries. Mesmo a Netflix começa a ensaiar a transmissão de eventos desportivos, de como é exemplo o anunciado encontro de ténis, em Março de 2024, entre Rafael Nadal e Carlos Alcaraz. A possível fusão entre a Warner Bros. Discovery e a Paramount também resultaria, neste contexto, num grupo com capacidade negocial acrescida na corrida à compra de direitos de transmissões desportivas.
Como ressalvam vários títulos da imprensa norte-americana, Warner Bros. Discovery e Paramount têm pela frente vários obstáculos fiscais e regulatórios a ultrapassar antes de um eventual acordo, que neste momento é noticiado apenas como uma possibilidade e não uma certeza.