Palcos da semana: um Ovo, muitas vozes e tantas vidas

Os próximos dias trazem um novo quarteto, o Cirque du Soleil, Buba Espinho de volta a casa, o TEP em exposição e as imagens do World Press Photo.

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Ovo, do Cirque du Soleil, novamente em Lisboa Patrick Beaudry
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O Teatro Experimental do Porto expõe o seu arquivo TEP
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Os pianistas Mário Laginha e João Paulo Esteves da Silva juntam-se a Camané e Ricardo Ribeiro Sérgio Azenha
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Here, The Doors Don't Know Me, de Mohamed Mahdy, prémio Formato Livre na 66.ª edição do World Press Photo Mohamed Mahdy
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Buba Espinho dá um concerto especial em Beja Ângelo Sousa
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Feitos num Ovo

No ano passado, foi um Cirque du Soleil de Crystal que vimos, a patinar num cenário congelado como se a gravidade não existisse. Este ano, é de antenas postas num Ovo que reencontramos a trupe canadiana de novo circo, a ilustrar com grandes acrobacias uma fábula de pequenas criaturas.

Com assinatura da coreógrafa brasileira Deborah Colker, o espectáculo anda a viajar desde 2009, ano em que se estreou em Montreal. Portugal, por onde passou em 2019, já o conhece e aos seus habitantes: formigas, grilos, pirilampos, aranhas, borboletas, joaninhas e outra bicharada. Um ovo misterioso vem interromper-lhes a azáfama dos dias. Um amor surpreendente há-de eclodir. E, com ele, o entendimento de que o ciclo da vida só ganha em abrir os braços ao que é estranho.

Grupo antigo, arquivo vivo

A companhia de teatro mais antiga do país continua em rota de celebração do 70.º aniversário, contado desde o momento em que levou a primeira peça às tábuas. Desta vez, o Teatro Experimental do Porto faz a festa fora de cena, embora focado no que nela se foi passando ao longo dos anos.

Trata-se de uma exposição que narra a história do grupo – que se confunde com a da cidade e a do país, e que é fundadora para o teatro português – a partir do seu extenso acervo. Para ilustrar as sete décadas, organizaram-se sete núcleos, recheados de fotografias, adereços, figurinos, cartazes, programas, documentos e outros elementos, incluindo conteúdos criados para a ocasião.

70 Anos TEP - Um Arquivo Vivo tem curadoria de Ana Gago, Catarina Barros e Gonçalo Amorim, e fica patente até ao próximo Dia Mundial do Teatro.

A Duas Vozes, Quatro Mãos

As mãos são as dos pianistas Mário Laginha e João Paulo Esteves da Silva. As vozes, de Camané e Ricardo Ribeiro. Sobejamente conhecidos pelos percursos singulares, já se encontraram entre si em várias ocasiões. Laginha e Silva, por exemplo, sentaram-se ao mesmo piano para homenagear Sassetti em Belgais, em 2021. Antes disso, Camané e Laginha deram largas à simbiose enquanto dupla no disco Aqui Está-se Sossegado. E foi o piano de Esteves da Silva que se ouviu nas gravações e nos concertos do álbum de Ricardo Ribeiro Respeitosa Mente.

O desfile de cumplicidades e afinidades podia continuar, mas o que interessa agora é assistir à união inédita dos quatro talentos num concerto pautado por “um entrosamento incrível”, assegura a folha de sala, “que tenciona ser muito mais do que a soma das partes”.

O mundo revelado

Mariupol, 9 de Março de 2022. Uma mulher grávida é transportada numa maca, entre destroços, vítima de um bombardeamento à maternidade, durante o cerco russo à cidade ucraniana. Evgeniy Maloletka, um dos poucos fotógrafos presentes, captou o momento para a Associated Press. Mãe e filha perderiam a vida pouco depois. A imagem correu mundo. E o júri do World Press Photo não teve dúvidas em decidir, por unanimidade, que seria a imagem premiada como fotografia do ano, por “capturar o absurdo e o horror da guerra”.

É uma das muitas realidades encapsuladas na 66.ª edição dos maiores prémios mundiais de fotojornalismo. A exposição respectiva, que anda em itinerância por dezenas de cidades, já passou pela Maia e instala-se agora em Oeiras, com o apoio do município e o selo da revista Visão.

À vista estão os olhares dos 24 vencedores – escolhidos entre mais de 60 mil submissões, oriundas de 127 países –, onde cabem ainda o de Mads Nissen sobre O Preço da Paz num Afeganistão sob domínio taliban, o de Anush Babajanyan sobre a competição pela água na Ásia central e o de Mohamed Mahdy sobre uma comunidade piscatória egípcia em extinção.

Voltar a Beja

Em Março de 2020, quando o mundo se fechava em casa, abria-se uma janela com vista para o Alentejo chamada Buba Espinho. O disco tomava o nome do seu autor e anunciava uma promessa jovem mas de raízes antigas e bem firmadas, algures entre o cante e o fado. Três anos depois, é altura de Voltar, num álbum de caminho aberto pelo single-dueto com Bárbara Tinoco Ao teu ouvido.

Este trabalho, em que o músico foi vasculhar as memórias de crescer em Beja, dá o mote a um concerto que é especial por ser em casa e por ter convidados como o amigo e vizinho Luís Trigacheiro ou Os Bubedanas, o grupo de cante que Buba fundou com colegas de liceu em 2011.

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