É uma fotografia ou uma imagem gerada por IA? Aprende a distinguir
Nem sempre uma imagem de aparência fotográfica é, de facto, uma fotografia. E um vídeo que parece real pode ser apenas um deepfake. Como distinguir? Com a ajuda da IA.
A criação de imagens com recurso a ferramentas de inteligência artificial está ao alcance de todos os que dispõem de um computador ou smartphone com Internet. Em sites como o DALL-E ou o Midjourney, ou em aplicações para o telemóvel como a StarryAI, entre muitas outras gratuitas e fáceis de usar, são gerados milhões de imagens que se difundem, indiscriminadamente, pela Internet.
Se existe uma fatia larga dessas imagens que é, por inúmeros motivos (já lá vamos), claramente identificável como sendo um produto da inteligência artificial, outra existe que poderá suscitar dúvidas. O aprimoramento galopante das ferramentas gráficas IA confere a algumas imagens por elas produzidas um grau de verosimilhança que as transforma, dependendo do contexto em que são apresentadas, num potencial veículo ou acessório à legitimação de informação falsa.
Quando o fotógrafo alemão Boris Eldagsen submeteu a concurso uma imagem supostamente fotográfica que acabou galardoada pelo Sony World Photography Awards , colocou a nu um problema que ultrapassa o da mera distinção formal entre o que é da esfera da fotografia e o que é da arte gráfica. Os atributos de verosimilhança tradicionalmente associados à fotografia foram transpostos para a imagem gerada por IA, evidenciando a facilidade com que até um painel composto por peritos em fotografia pode ser enganado.
Como detectar uma imagem IA a olho nu
Existem, em imagens geradas por inteligência artificial, características que poderão denunciar a sua proveniência. As mais evidentes prendem-se com a presença de elementos ou situações que em muito diferem das que existem no mundo real – a presença de um animal selvagem de grandes dimensões numa área densamente urbanizada, por exemplo, pode levantar suspeitas. Luz, sombra ou reflexos que desafiam as leis da física são uma inconsistência comum nas imagens produzidas por IA, assim como distorção ou “interrupção” de elementos que a compõem. A repetição de padrões é também um dos “sintomas” da ainda imperfeita máquina geradora de imagens IA.
Quando diante de imagens tão realistas que parecem ser de natureza fotográfica, como a que Eldagsen submeteu a concurso, a inspecção do detalhe fino da imagem poderá ser também recomendável. Um dos erros mais comuns dos corpos humanos desenhados por IA é o da distorção do formato das mãos, que pode traduzir-se na presença de um número exagerado de dedos ou mesmo na inversão do sentido da mão. Na imagem de Eldagsen, uma das mãos está invertida e o detalhe das mãos é pobre.
Ainda restam dúvidas?
Se, após a inspecção a olho nu, ainda persistirem dúvidas sobre a proveniência de uma imagem, alguns sites podem provar-se úteis na sua detecção. Estas ferramentas analisam as imagens e determinam, de forma imediata, o grau de probabilidade de terem sido geradas por IA.
O site AI or Not permite introduzir imagens a partir do disco ou a partir da cópia de URL e identifica criações feitas a partir dos geradores Stable Diffusion, MidJourney ou DALL-E. O seu criador, Andrey Doronichev, um russo residente em São Francisco, definiu-o como "uma máquina de raio X de aeroporto para conteúdo digital". AI or Not permite a análise gratuita de 20 imagens em formato JPG ou PNG. Para além de imagem, o site também analisa ficheiros de áudio.
O site Is It AI? permite a análise da proveniência de imagem e texto. O site “examina características de imagem, como padrões de cor, formas e texturas, comparando-as com imagens fotográficas reais e imagens geradas por IA” para determinar se foram geradas por IA. A sua utilização é gratuita e ilimitada.
O luminarty analisa gratuitamente um número infinito de imagens e texto, aferindo a probabilidade de terem origem em inteligência artificial. Os planos pagos incluem a classificação e localização da origem de imagens, texto e vídeos deepfake.
Estes são apenas três exemplos entre as muitas opções disponíveis online. Outros sites, como o do Content at Scale ou Detecting-AI, também podem ser utilizados com o mesmo intuito.
Tem sido discutida, em contexto europeu, a introdução obrigatória de um rótulo, ou marca de água, em imagens geradas por inteligência artificial. Não existe, no entanto, ainda qualquer lei em vigor a este respeito. Espera-se que, em poucos anos, a inteligência artificial seja capaz de aperfeiçoar os seus geradores de imagem a ponto de se tornarem 100% realistas e credíveis.