Último debate presidencial no Partido Republicano marcado por ataques a Nikki Haley

Antiga embaixadora dos Estados Unidos na ONU foi o principal alvo dos adversários, o que reflecte a sua subida nas sondagens nas últimas semanas. Donald Trump voltou a faltar ao debate.

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Haley e DeSantis disputam a posição de principal alternativa a Donald Trump Reuters/BRIAN SNYDER
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Nikki Haley, antiga embaixadora dos Estados Unidos na ONU e candidata do Partido Republicano à Casa Branca em 2024, foi alvo de repetidos ataques durante o debate presidencial que decorreu na noite de quarta-feira, confirmando o seu actual estatuto de séria alternativa ao grande favorito, Donald Trump.

O debate, a que Trump voltou a faltar, e em que também participaram o empresário Vivek Ramaswamy e o ex-governador de Nova Jérsia Chris Christie, foi palco de uma enxurrada de insultos intercalados com discussões sobre as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza e a situação na fronteira dos EUA com o México.

Com a excepção de Christie — que pôs as críticas a Trump no centro da campanha —, nenhum dos candidatos em Tuscaloosa, no estado do Alabama, pareceu estar disposto a atacar directamente o favorito, um reflexo da grande popularidade de Trump entre os republicanos.

Questionado sobre a afirmação de Trump, na Fox News, de que não seria um ditador num eventual segundo mandato "excepto no primeiro dia", Christie acusou o ex-Presidente dos EUA de ser "um homem zangado e amargo" e apostado em vingar-se, e exigiu repetidamente a DeSantis que dissesse se considerava Trump apto para exercer o cargo.

DeSantis desviou-se várias vezes da questão, referindo-se, em vez disso, aos 77 anos de Trump, argumentando que a Casa Branca é mais adequada para alguém mais jovem.

Haley também fez críticas relativamente moderadas, dizendo que Trump representa "caos" e culpando-o por adicionar milhares de milhões de dólares à dívida dos EUA.

DeSantis e Ramaswamy passaram a maior parte do tempo a atacar Haley, que subiu nas sondagens e atraiu cada vez mais interesse dos doadores financeiros devido ao seu desempenho em anteriores debates.

"Ela cede sempre à esquerda e aos media", disse DeSantis sobre Haley na primeira resposta da noite, enquanto tentava explicar por que razão os eleitores deveriam apoiá-lo apesar da posição dominante de Trump.

O governador vangloriou-se da legislação que aprovou na Florida que proíbe cuidados médicos de afirmação de género a jovens transgénero, e acusou Haley de se opor à lei, o que a candidata negou. "Ele continua a mentir sobre mim", disse Haley.

Trump ausente

O debate, que foi transmitido pelo canal NewsNation e na rede CW, teve a participação de apenas quatro candidatos porque o Comité Nacional Republicano apertou os requisitos para a qualificação.

Tal como aconteceu nos três primeiros debates, o ex-Presidente dos EUA — que lidera as sondagens com uma vantagem de mais de 40 pontos percentuais — faltou ao debate de quarta-feira, optando por participar numa cerimónia de angariação de fundos na Florida, onde tem a sua residência principal.

A ausência de Trump privou os seus adversários da oportunidade de o confrontar cara a cara, e enviou novamente a mensagem de que os outros candidatos são indignos da sua atenção.

Haley aproximou-se de DeSantis nas sondagens nacionais e conquistou uma vantagem substancial no New Hampshire e no seu estado natal, a Carolina do Sul — estados importantes nas primárias porque estão entre os primeiros a escolher um candidato.

Os dois estão efectivamente empatados no Iowa, o primeiro a ir a votos, a 15 de Janeiro.

Sem mais debates agendados, o confronto televisivo de quarta-feira foi a última oportunidade para Haley e DeSantis deixarem uma marca profunda numa audiência nacional.

Ramaswamy, que se alinhou com Trump, juntou-se a DeSantis para atacar Haley, acusando-a de ser "corrupta" e "fascista" por ganhar dinheiro com discursos e por ter feito parte do conselho de administração da Boeing.

"Adoro toda a atenção", disse Haley, antes de defender o seu trabalho na Boeing e de sugerir que os rivais têm inveja dos seus doadores financeiros.

Ramaswamy, um isolacionista convicto, foi o único a defender que os EUA devem pôr fim ao apoio à Ucrânia contra a Rússia.

O empresário focou os ataques na experiência de Haley em termos de política externa, afirmando que "experiência não é o mesmo que sabedoria".

Em resposta, Christie defendeu Haley, dizendo a Ramaswamy que o empresário é "o fanfarrão mais detestável da América".

Enquanto isso, Haley, que se referiu a Ramaswamy como "escória" no último debate, disse que "não valia a pena responder" ao empresário, depois de ele lhe ter chamado novamente "corrupta".