Kevin McCarthy abandona Congresso dos EUA no fim do ano

Congressista republicano foi afastado da liderança da Câmara dos Representantes em Outubro, numa moção de censura apresentada pela ala mais radical do seu partido.

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McCarthy esteve apenas nove meses no cargo Reuters/KEN CEDENO
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Dois meses depois de ter sido removido da presidência da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos por iniciativa do seu próprio partido, o congressista republicano Kevin McCarthy, da Califórnia, anunciou esta quarta-feira que irá abandonar o seu lugar no Congresso norte-americano no final do ano.

McCarthy, de 58 anos, foi eleito pela primeira vez em 2007 e destacou-se desde cedo no círculo da liderança do Partido Republicano na Câmara dos Representantes, galgando todas as posições até ser eleito speaker — o líder da câmara baixa do Congresso e n.º 3 na hierarquia do Estado norte-americano, a seguir ao Presidente e ao vice-presidente.

A sua eleição, em Janeiro de 2023, após uma vitória sofrida do Partido Republicano nas eleições de Novembro de 2022, foi também o seu primeiro momento de humilhação política nos nove meses em que esteve no cargo, ao ser eleito apenas à 15.ª tentativa.

Nessa altura, um grupo de republicanos de uma ala radical e próxima de Donald Trump exigiu-lhe, em troca da eleição, várias cedências e o compromisso de ser intransigente com o Partido Democrata nas negociações para o Orçamento de 2024.

O pragmatismo de McCarthy, que o levou a fazer acordos importantes com a Administração Biden e com o Partido Democrata — primeiro para um aumento do limite da capacidade de endividamento dos EUA, no Verão, e depois, em finais de Setembro, para evitar uma paralisação dos serviços do Governo federal norte-americano por falta de financiamento —, foi também a sua sentença de morte política, decretada pelos mesmos republicanos da ala radical que lhe tinham dificultado a eleição no início do ano.

No início de Outubro, o republicano Matt Gaetz, da Florida, levou a votos uma moção de censura contra McCarthy, que foi aprovada com os votos dos congressistas do Partido Democrata e alguns na ala mais radical do Partido Republicano.

O anúncio do fim — ou de uma interrupção — da carreira política de McCarthy no Congresso dos EUA foi feito pelo próprio esta quarta-feira, num artigo publicado no Wall Street Journal.

O seu afastamento, anunciado poucos dias depois da expulsão do também republicano George Santos, deixa a maioria republicana na Câmara dos Representantes ainda mais curta do que já era à saída das eleições de Novembro de 2022.

A partir de Janeiro e até à eleição de um substituto — numa campanha eleitoral que só irá começar em Março de 2024 —, o Partido Republicano só poderá perder dois votos na sua bancada para conseguir aprovar propostas de lei.

Além de ficar para a história da política do país como o primeiro líder da Câmara dos Representantes a ser removido do cargo numa moção de censura, McCarthy destacou-se também por se ter reaproximado de Trump, em finais de Janeiro de 2021, depois de ter acusado o então Presidente dos EUA de ser responsável pela invasão do Capitólio, a 6 de Janeiro de 2021.

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