1.º de Dezembro já não é “moribundo” e é “talvez a data mais celebrada a seguir ao 25 de Abril”

A ideia de que a Restauração da Independência não se celebra no país está errada e “é uma ideia de Lisboa”, diz o presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, José Ribeiro e Castro.

Foto
José Ribeiro e Castro, presidente da SHIP e antigo dirigente do CDS-PP Matilde Fieschi
Ouça este artigo
00:00
02:59

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

No primeiro dia de Dezembro, o país comemora a independência que recuperou em 1640, após 60 anos de domínio espanhol. O feriado, instituído em 1910, foi eliminado em 2012, devido à crise que o país atravessava, mas desde a sua reposição houve um revigoramento da sua importância. Actualmente, o 1.º de Dezembro é das datas mais celebradas por todo o país, defende o presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP).

Este é o “único feriado nacional que comemora o nosso valor colectivo mais importante: a independência e existência como nação independente”. A opinião é de José Ribeiro e Castro, presidente da SHIP, que considera que o 1.º de Dezembro tem “uma enorme carga simbólica”. “No elenco restrito de cinco feriados nacionais que a República instituiu, um deles foi este, então designado como o dia da Autonomia da Pátria Portuguesa”, diz.

O presidente da SHIP defende que esta “é talvez a data a mais celebrada pelo país a seguir ao 25 de Abril”, e contraria a “ideia comum de que não se celebra”. “Essa é uma ideia de Lisboa”, critica. Ribeiro e Castro explica que o dia da Restauração da Independência “entrou talvez em algum declínio nas suas celebrações no final do século XX e início do XXI”, que culminou “na eliminação do feriado em 2012” devido ao período de crise económica que Portugal atravessava.

A medida só foi aplicada no ano seguinte e os feriados foram repostos em 2016, mas a "perda" temporária deste feriado pode ter “conduzido a um revigoramento” do mesmo, acrescenta. Certo é que “há vários festejos” por todo o país a propósito deste dia, diz o presidente da SHIP, dando como exemplo as localidades que fazem fronteira com Espanha (como Elvas), Montijo, Guimarães, Pedrógão Grande e Pedrógão Pequeno.

“Há muitas celebrações, o que mostra que a data está na memória dos portugueses. Normalmente consistem numa arruada interpretada por uma banda filarmónica”, explica Ribeiro e Castro. “Em Elvas há manifestações mais exuberantes, mas entende-se, porque as batalhas mais duras durante a restauração [da independência] foram no Alentejo”, ressalva.

Em 2022, o presidente da SHIP escrevia que “antes de matarem o feriado [em 2012], já estava moribundo”, mas desde então a situação alterou-se. Agora “as cerimónias são mais participadas e mais ricas”. Anualmente, a sociedade histórica presidida por José Ribeiro e Castro une-se à Câmara Municipal de Lisboa para assinalar o dia em que a independência de Portugal foi recuperada.

Este ano, no dia 1 de Dezembro, as celebrações têm início de manhã, com o içar da bandeira, seguindo-se missa e o desfile de 30 bandas filarmónicas pela Avenida da Liberdade. Nas comemorações, à semelhança de anos anteriores, estará o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas. Este último, assim como o próprio presidente da SHIP, irá assinalar as celebrações com um discurso.

Sugerir correcção
Ler 27 comentários