Moedas diz que classe política “tem que dar o exemplo de devoção pelo bem comum”
Nas comemorações do Dia da Restauração da Independência, o presidente da Câmara de Lisboa considerou que neste momemto “é-nos exigido que tenhamos uma estratégia de futuro”.
O presidente da Câmara de Lisboa considerou esta quinta-feira que o 1.º de Dezembro ensinou que a “classe política tem que dar o exemplo de devoção pelo bem comum”, não podendo fechar-se “sobre si mesma” ou considerar ser “imune à crítica”.
Carlos Moedas discursou esta manhã nas comemorações do 1.º de Dezembro, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, uma cerimónia que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e da ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, entre outros.
“Foram várias as vezes que esta irresponsabilidade foi predominante na nossa longa história. Foram várias as vezes aquelas em que sabemos que os interesses imediatos se sobrepuseram aos interesses nacionais. Por isso é que o 1º de Dezembro é hoje tão importante”, defendeu.
Na opinião do presidente lisboeta, “a grande lição” do dia da Restauração da Independência de Portugal é que “a classe política tem que dar o exemplo de devoção pelo bem comum e de capacidade de liderança”. “Dar o exemplo protegendo as instituições com visão e ambição. Dar o exemplo ouvindo todos”, defendeu.
Para Carlos Moedas, deve-se “dar o exemplo no dia-a-dia, perto das pessoas, como tão bem o faz e de forma tão única o nosso Presidente da República”. “A classe política não se pode fechar sobre si mesma ou crer-se imune à crítica. Tem de ouvir mesmo aqueles com os quais não concorda. Tem de ouvir todos”, afirmou.
O autarca do PSD considerou que “esta presuntiva imunidade acaba apenas por descredibilizar as instituições”. “E numa democracia moderna, onde todos somos iguais, não podemos cair na condição em que há uns que são mais iguais do que os outros”, apelou.
Moedas enfatizou que, “se rei fraco faz fraca a forte gente, então também um rei forte ajuda essa gente forte a continuar a ser forte”.
Sobre o significado desta data, o presidente da Câmara de Lisboa considerou que esta “significa recuperação da liberdade nacional”, ao mesmo tempo que obriga os portugueses a “recuperar a força de vontade para construir o futuro”.
“Não nos é pedido que façamos uma proeza grandiosa, como fez o grupo de corajosos portugueses que devolveu ao país a sua independência há 382 anos, mas é-nos exigido que tenhamos uma estratégia de futuro”, disse.
Após a cerimónia, a comitiva seguiu, a pé, para o Palácio da Independência, para visitar a exposição “O Diário de Notícias a as Comemorações do 1.º de Dezembro (dos finais da Monarquia à 1.ª República)”, tendo no final Marcelo Rebelo de Sousa assinado o livro de honra e feito uma pequena visita às instalações e depois saído, sem prestar declarações aos jornalistas.
As ameaças de hoje, segundo a ministra
Por sua vez, a ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, falou as ameaças de hoje à soberania nacional e considerou que, perante as ameaças internacionais, deve ser valorizada a independência nacional económica, social, política e cultural, afirmando ser preciso proteger “diariamente os ganhos da Restauração”.
Em “382 anos volvidos sobre aquele 1.º de Dezembro, Portugal enfrenta hoje um conjunto diferente de desafios. Muito embora a sua independência não se encontre directamente ameaçada, continua a ser necessário proteger diariamente os ganhos da Restauração”, afirmou.
Para a ministra, isso passa por preservar e cuidar do território “em todos os domínios”. “Mas a concepção do que é a independência de um país extravasa os meros limites da dimensão militar e material. Abarca o nosso modo de viver e de estar em comunidade, ancorados por valores e princípios que nos norteiam e que nos proporcionam garantias de estabilidade e paz”, alertou.
Segundo Helena Carreiras, estes valores e princípios “têm sido postos em causa por agressões aos pilares da comunidade internacional” em que Portugal se insere. “É perante essas ameaças que devemos saber valorizar sempre a independência nacional, em todas as esferas: económica, social, política e cultural”, disse.
Esta independência, para a ministra, “encontra o seu sentido não no fechamento, mas na abertura ao outro, não no isolamento, mas na cooperação": “Uma independência que se fortalece na afirmação dos valores da democracia, do Estado de Direito e dos direitos humanos, na valorização da diversidade e do pluralismo”.
Afirmando que os “portugueses reafirmaram, a 1 de Dezembro de 1640, que queriam ser independentes”, Helena Carreiras afirmou que “as consequências dessa afirmação encontram expressão no dia-a-dia” e encorajam a “recordar como a liberdade de muitos pode ser defendida por poucos, e como a integridade de um país encontra força no contributo de todos”.