“Isto ainda é Porto?” Azevedo de Campanhã existe e desespera por mudança
No extremo oriental da cidade, há um lugar esquecido onde falta quase tudo. Câmara do Porto estima investimento de 100 milhões de euros na próxima década. Pode Azevedo entrar no mapa mental do Porto?
“À noite deito a minha mãe na cama, aconchego-a com o cobertor e depois cubro-a com um plástico...” Dulce Oliveira suspende a frase, como se, naquele momento, percebesse a violência do gesto. Cobrir a mãe com um plástico. Em silêncio, encolhe os ombros e olha em volta. A cruz pregada na parede já não embala a fé no minúsculo quarto onde um edredom preso ao tecto com fita-cola é escudo adicional para as intempéries. “Chove muito aqui dentro”, retoma Dulce. “Cubro a minha mãe com um plástico para a proteger. De manhã sacudo-o e fica a secar para a noite seguinte.”
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