IL e Chega querem ouvir Temido e Lacerda Sales no Parlamento sobre caso das gémeas

O Chega questionou o Presidente da República acerca de uma possível interferência no caso. Já a IL diz não duvidar das palavras de Marcelo, que já negou qualquer envolvimento.

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As gémeas luso-brasileiras foram tratadas em Lisboa, no Hospital Santa Maria LUSA/MÁRIO CRUZ
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A Iniciativa Liberal e o Chega querem ouvir, no Parlamento, a antiga ministra da Saúde, Marta Temido, e o antigo secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales. O objectivo é que os deputados prestem esclarecimentos acerca do caso das gémeas luso-brasileiras que tiveram acesso a um tratamento no valor de quatro milhões de euros por alegada interferência política. O Chega questionou também o Presidente da República por escrito sobre o caso, para que Marcelo Rebelo de Sousa clarifique se teve um papel "de mediador ou de influenciador".

“O certo é que o tratamento aconteceu. E é preciso que os responsáveis políticos de então, nomeadamente a ministra da Saúde, Marta Temido, e a administração do hospital venham ao Parlamento explicar o que aconteceu”, defendeu o líder dos liberais, em declarações aos jornalistas, no Parlamento.

Nesse sentido, o partido apresentou um pedido de audição com carácter de urgência. Além da antiga ministra da Saúde, querem ouvir também António Lacerda Sales (então secretário de Estado da Saúde) e ainda Daniel Ferro e Ana Paula Martins (antigo e actual presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, respectivamente).

Rui Rocha diz ser necessário “perceber se os recursos escassos do Serviço Nacional de Saúde são ou não bem alocados” e “se há, ou não, interferências políticas – ou outras – na gestão destes recursos”. E acrescenta que a IL "aguarda serenamente o decurso" da auditoria interna a que a administração do hospital deu início e da acção da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde que está a decorrer.

Lembrando que “a posição” do Presidente da República já é conhecida, o liberal deixou claro que a IL não a questiona e referiu que "aquilo que fica por esclarecer é o resto".

Questionado depois sobre espera que o PS possa aprovar estas audições, o líder da IL considerou que, sendo uma "matéria tão sensível" e em que "há esta suspeita de favorecimento", os socialistas têm "interesse em esclarecer". "Se o PS recusar a aprovação, nós provavelmente recorreremos à possibilidade de usar o potestativo", acrescentou Rui Rocha.

Chega quer esclarecer "papel" de Marcelo

Já o Chega decidiu questionar Marcelo Rebelo de Sousa sobre o caso, além de também querer ouvir Marta Temido e António Lacerda Sales. "O Chega questionou o senhor Presidente da República por escrito sobre as notícias veiculadas... O escrutínio exige que se compreenda bem qual o seu papel: ou de mediador ou de influenciador", disse André Ventura.

O presidente do partido diz ser "evidente que houve interferências indevidas neste processo, devido à questão clínica, à obtenção rápida da nacionalidade e à destruição e desaparecimento de material onde se poderia comprovar parte processual do que aconteceu".

"É importante perceber os contornos do caso e o papel que, quer o secretário de Estado, quer a ex-ministra da Saúde, poderão ter tido. Tenha ou não existido qualquer actuação do Presidente da República, que pode ter havido, esta influência nunca poderia concretizar-se sem que alguém do Governo a executasse", concluiu Ventura.

Em causa está a reportagem da TVI, transmitida no início de Novembro deste ano, em que é revelado que duas gémeas luso-brasileiras tiveram acesso, em 2020, a um tratamento no valor de quatro milhões de euros por alegada interferência política. A mãe das gémeas, Daniela Martins, surge num vídeo em que admite ter recorrido aos “contactos” da “nora do Presidente”, que vive no Brasil, “que conhecia o ministro da Saúde, mandou um email para o hospital”, levando a que os médicos recebessem “ordens superiores” e garantissem o tratamento às suas filhas.

Quando confrontado, Marcelo Rebelo de Sousa negou as acusações, dizendo que, se houve uma “cunha”, teria de ser por “alguém com muita influência” que “passou por cima da cunha de lei do primeiro-ministro” para “chegar à ministra”. com Lusa

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