Como usar? Onde comprar? Um guia sobre o preservativo interno
O preservativo interno (também conhecido como feminino) é mais fácil de usar do que parece. De onde encontrar a cuidados a ter, eis um guia sobre este método contraceptivo.
Quando se fala em contracepção, é provável que a primeira ideia que te surja seja o preservativo externo — e uma banana, imagem clássica das aulas de educação sexual. No entanto, há mais uma opção que protege contra uma gravidez indesejada, contra as infecções sexualmente transmissíveis (IST) — que parecem ter vindo a aumentar nos últimos anos, a par de uma diminuição do uso de preservativos — e que ainda dá às pessoas com vagina liberdade para poderem decidir sobre contracepção, independentemente do parceiro: o preservativo interno (ou feminino).
Questões que são importantes no caso do preservativo externo, como o tamanho, não têm importância quando falamos do preservativo interno. Eis um guia com tudo o que precisas de saber sobre este método contraceptivo.
Como usar?
Neste caso, não precisamos de bananas. Podes espreitar as imagens abaixo. O preservativo interno é colocado no interior da vagina com a ajuda dos dois anéis das extremidades — mais ou menos como se estivesses a inserir um tampão ou um copo menstrual.
Assim, primeiro precisas de segurar no anel da extremidade fechada e comprimi-lo com os dedos para facilitar a entrada na vagina e depois podes empurrar o preservativo para o interior. O anel aberto, na outra extremidade, fica fora da vagina e sobre a vulva.
O processo de colocação pode ser pouco prático ou até desconfortável, mas a boa notícia é que este preservativo “pode ser inserido até 8h antes da relação sexual”, explica o site da Associação para o Planeamento da Família.
Outros cuidados a ter passam por verificar que o pénis (ou o brinquedo sexual, também conta) entra mesmo no preservativo e que, depois da penetração, há cuidado a retirá-lo para não haver sémen em contacto com a vagina.
Posso usar em simultâneo com o preservativo externo?
Não, usar um preservativo interno em simultâneo com um externo não vai aumentar a protecção. Esta é, aliás, uma das coisas que não se deve fazer ao utilizar um preservativo interno, segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla inglesa).
A explicação deixada pela Associação para o Planeamento da Família ilustra o que acontece com esta combinação: “O atrito causado pelos dois preservativos poderá fazer com que estes se rompam mais facilmente”.
Onde comprar?
Pode não estar em todo o lado como o preservativo externo, mas comprar preservativos internos não tem de ser um bicho-de-sete-cabeças. Além dos supermercados e das farmácias, podes comprar online.
Em alternativa, podes pedir de forma anónima em checkpoints ou centros de rastreio de IST, que são confidenciais e gratuitos.
Seja como for, lembra-te de que não há vergonha nenhuma em comprar ou pedir preservativos, sejam externos ou internos.
Tem vantagens face ao preservativo externo?
Uma das vantagens do preservativo interno é que “interfere menos nos timings” da relação. Quem o diz é Paulo Santos, médico, professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e investigador do CINTESIS (Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde).
Ao contrário do preservativo externo, compara, “que exige que o pénis esteja em erecção”, o interno pode ser colocado com algum tempo de antecedência e isso pode melhorar a relação porque não há pausas nem interrupções.
Também a “democratização” da protecção contra gravidez e IST entram na lista de vantagens. Isto porque o preservativo interno permite que as pessoas com vagina façam esta escolha “independentemente do parceiro”.
Apesar destas vantagens, o médico e investigador reconhece que esta opção “pode criar algum constrangimento inicial” porque envolve o toque genital, mas “depois da primeira vez percebe-se que é muito simples”. Nada como experimentar.