Direita diz que o recuo no IUC é “eleitoralismo”, esquerda satisfeita
No entender do PSD, o argumento invocado pelo PS para suportar a descida do IUC — “preocupações ambientais” — era “falso”. Mortágua, líder do BE, considerou que a medida teria que “desaparecer”.
O PSD e a IL acusam o PS de “eleitoralismo” por recuar na medida que propunha o aumento do Imposto Único de Circulação (IUC). Para o PSD, o argumento invocado pelo PS para suportar esta medida — “preocupações ambientais” — era “falso”.
Falando aos jornalistas no Parlamento, Hugo Carneiro, deputado do PSD, rejeitou que o aumento do IUC se devesse a qualquer “preocupação ambiental” por parte do PS, mas sim a uma preocupação em “agravar o imposto para os portugueses”. Recordando que o PSD sempre defendeu o fim deste imposto, o deputado considera que o recuo do PS, à última da hora, se deve à aproximação das “eleições” — e não à “justiça social”, tal como escrito no documento dos socialistas.
Mais tarde, em declarações aos jornalistas transmitidas pela RTP3, Luís Montenegro, líder do PSD, considerou que o recuo do PS sobre o IUC era "bom para o país". E acrescentou que os portugueses poderão, nas próximas eleições, "julgar o PS pelo que foi a sua intenção, mais do que a concretização [da medida]".
"O que até ontem era a necessidade enorme de poder ter um resultado na transição ambiental (...), hoje passou a ter um entendimento diferente", disse Montenegro.
Também Rui Rocha, líder da IL, falou no Parlamento sobre este assunto, relembrando que “quer o Governo, quer o PS” sempre se dedicaram à defesa do aumento do IUC, pelo que estamos perante uma decisão “oportunista” e “eleitoralista”. André Ventura, do Chega, também disse que este recuo demonstrava eleitoralismo, classificando-o ainda como "reles".
Aos jornalistas, em declarações transmitidas na RTP3, Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda, considerou que a medida, “incompreensível”, teria que “desaparecer”. “Lamento que o PS e o Governo tenham demorado todo o processo de especialidade a reconhecer isto”, acrescentou.
Também o PCP saudou a decisão do PS, porém frisou que o Orçamento do Estado mantém as suas “características essenciais”, desde logo a incapacidade de travar “injustiças fiscais”.
Citado pela Lusa, o deputado comunista Duarte Alves reiterou que o agravamento do imposto previsto no OE2024 "atacava sobretudo rendimentos mais baixos" e “não fazia qualquer sentido que esta medida prosseguisse, ainda por cima no actual contexto". "Ainda bem que [o PS] recuou."
Ao fim da noite desta terça-feira, o grupo parlamentar do PS decidiu eliminar o agravamento do IUC, para os automóveis ligeiros de passageiros com matrícula anterior a 1 de Julho de 2007, previsto na proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2024. Na proposta, os socialistas justificam esta decisão "por uma questão de justiça social e protecção dos cidadãos com maior vulnerabilidade económica".
Notícia actualizada às 14h57, tendo sido apagadas as reacções dos partidos à notícia de que António Costa acumularia a pasta das Infra-Estruturas. Notícia actualizada novamente durante a tarde com declarações de Luís Montenegro e André Ventura.