Em Oeiras, toda a gente passa a palavra

São cinco dias em que a palavra é protagonista. A 6.ª edição da Festa dos Ofícios do Narrar está na rua até domingo e resulta do trabalho de continuidade das bibliotecas municipais do concelho.

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Cartaz da 6.ª edição do Passa a Palavra!, em Oeiras João Vaz de Carvalho
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Começou nesta quarta-feira (8 de Novembro), em Oeiras, mais um encontro de narradores, escritores, mediadores de leitura, ilustradores, músicos e performers. A festa faz-se dentro e fora de portas: no Palácio do Egipto, na biblioteca municipal, na livraria-galeria municipal Verney, no mercado, mas também no centro histórico de Oeiras e noutros espaços ao ar livre.

“Olhamos a palavra como uma coisa aberta, festiva, que nos leva ao contacto directo com os outros e a partilhar bons momentos juntos”, diz Cláudia Fonseca, da equipa de programação do Passa a Palavra! Festa dos Ofícios do Narrar, que vai na 6.ª edição.

Brasileira a residir em Portugal desde 1992, doutoranda em literatura tradicional e oral, convida toda a gente a ir até Oeiras por estes dias: “É um programa bem redondinho. Bem bonito.”

Traduzindo: “Há propostas para todas as idades, desde bebés até a quem tiver cem anos. Os artistas convidados são de primeiríssima água, tanto os de rua quanto os contadores, e há uma coerência interna, as coisas ligam-se umas às outras, [o programa] está fechado. É isso que significa ‘redondinho’”, explica, bem-disposta, a colaboradora da Biblioteca Municipal de Oeiras e da Contabandistas de Estórias – Associação Cultural, que em conjunto com a Chão Nosso, Crl organizam o encontro. “Uma absoluta delícia, do princípio ao fim.”

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“Olhamos a palavra como uma coisa aberta, festiva, que nos leva ao contacto directo com os outros e a partilhar bons momentos juntos”, diz Cláudia Fonseca, uma das programadoras João Vaz de Carvalho

A também contadora de histórias destaca o Jantar Narrado que se realiza nesta noite de quinta-feira, “Petiscando histórias de Manuela Castro Neves”, no Chá da Barra Villa e com leituras da mediadora de leitura de Sines e membro do Observatório de Leitura de Pombal, Paula Cusati.

“Ficou logo esgotado assim que se abriram as inscrições”, diz Cláudia Fonseca, lembrando que é a única actividade paga da programação. “Todas as restantes são gratuitas, graças ao apoio da Câmara Municipal de Oeiras”, quer frisar, lembrando ainda que o encontro é o resultado de um trabalho de continuidade das bibliotecas municipais de Oeiras junto das comunidades locais. “Depois de muito trabalho, queremos festa.”

Do programa para adultos desta edição, menciona as noites de sexta-feira (10 de Novembro) e sábado (11).

Na de sexta, realiza-se O Concerto para Uma Árvore, de Fernando Mota (compositor, artista sonoro e performer); leitura em voz alta de textos do escritor Eduardo Galeano, com Miguel Gouveia (narrador oral, editor da Bruaá) e um serão de contos com Ana Sofia Paiva e Luís Carmelo (contadores de histórias). Tudo no Palácio Egipto, a partir das 18h30.

Na noite de sábado, destaca o encontro dos galegos Soledad Felloza e Quico Cadaval, às 21h30, no Palácio Egipto. A sessão poderá ser seguida em streaming. A seguir, realiza-se uma queimada galega — ritual a que popularmente se atribui a capacidade de afastar todos os males! “São dos melhores contadores do mundo”, considera a programadora.

Novas soluções criativas a cada ano

A imagem do Passa a Palavra foi desde a 1.ª edição da responsabilidade do artista plástico João Vaz de Carvalho, que recorda ao PÚBLICO, via email: “O convite veio da parte da Cristina Taquelim, já lá vão seis anos. Nessa altura, achei que a coisa naturalmente ficaria por ali. Mas não. Tanto a Cristina como a equipa da Contabandistas de Histórias, que organiza o evento com o apoio da Câmara de Oeiras, acharam interessante manter uma linguagem visual consistente na comunicação do festival nas edições futuras. É assim que chegámos agora a esta 6.ª edição/ ilustração.”

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“A paleta de cores escolhida para a ilustração ajuda a traduzir o aconchego do Outono e das castanhas assadas”, descreve o ilustrador João Vaz de Carvalho

Os cartazes para o encontro têm merecido vários prémios de ilustração, recorda a programadora.

Para o ilustrador, “é um grande desafio”, porque o tema, sendo o mesmo, obriga-o a arranjar novas soluções criativas todos os anos, “o que não torna a coisa mais fácil”. Mas agrada-lhe boa recepção aos novos trabalhos que apresenta: “Para mim, é muito gratificante.”

Diz ainda: “A festa, os contadores de histórias, o imaginário infantil, a leitura, a música, são temas que fazem parte do festival e que procuro todos os anos tratar com novas soluções, isto sem perder o pé da minha própria identidade visual.”

Também a representação de um elemento arquitectónico que identifica onde o festival se desenrola é constante nos desenhos de que cada edição. “É por isso que este ano aparece representada a Igreja de Oeiras, que fica no centro histórico, onde este ano se realiza a festa. A paleta de cores escolhida para a ilustração ajuda a traduzir o aconchego do Outono e das castanhas assadas”, descreve.

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A representação de um elemento arquitectónico que identifica onde o festival se desenrola é constante nos desenhos de que cada edição João Vaz de Carvalho

Voltando à programação, o domingo é sobretudo dedicado às famílias, com oficinas de ilustração e de expressão artística, sessões de contos, jogos tradicionais, um espectáculo de marionetas, entre outras actividades. A finalizar, às 19h, há Baile Mandado, com Leónia de Oliveira e Ahkorda, na esplanada do Palácio do Egipto. Cláudia Fonseca conclui: “Eu não disse que o programa era uma delícia?

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