Temem-se centenas de mortos em sismo no Nepal

Não havia um tremor de terra tão forte desde 2015, quando morreram 9000 pessoas no sismo mais grave de sempre nesta nação dos Himalaias. Índia e China ofereceram ajuda.

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O número de vítimas do tremor de terra no Nepal deve aumentar Gabinete do primeiro-ministro do Nepal/REUTERS
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Bheri Hospital em Nepalgunj, Nepal EPA/NARENDRA SHRESTHA
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Pelo menos 157 pessoas morreram num sismo que abalou a região de Jajarkot, no ocidente do Nepal, a cerca de 500 km da capital, Katmandu. O número de vítimas pode ainda aumentar muito, pois as equipas de emergência continuam ainda à procura de pessoas soterradas pelos edifícios que desabaram nesta zona montanhosa.

O sismo aconteceu às 23h47, hora local (18h02 em Portugal continental) na sexta-feira, quando muitas pessoas estavam a dormir. Segundo o Centro Sismológico do Nepal, o abalo atingiu 6,4 graus de magnitude na escala de Richter. A medição dos serviços geológicos dos Estados Unidos é de 5,6. Não é invulgar haver estimativas diferentes para a magnitude de um sismo, ou que sejam revistas posteriormente.

É o tremor de terra mais forte nesta nação dos Himalaias desde 2015, quando o pior de sempre aconteceu às 11h56 do dia 25 de Abril, perto de Katmandu, mas atingiu muitas zonas rurais, e atingiu a magnitude de 7,8. Dezassete dias depois, a 12 de Maio, ocorreu um outro sismo, de 7,3 graus de magnitude. Morreram no total 9000 pessoas nesta catástrofe. Pelo menos quatro sítios classificados como Património da Humanidade pela UNESCO foram atingidos. Templos, pagodes e outro edificado centenário reduzidos a escombros.

“Pode haver centenas de feridos e o número de mortos pode também subir”, avisou num telefonema à Reuters um responsável do distrito de Jajarkot (um segundo nível de administração local no Nepal, depois de província), Harish Chandra Sharma.

O Nepal está em 11º lugar no ranking de risco global de ocorrência e impacto de sismos do Gabinete das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres. Os danos físicos e a mortalidade podem ser aumentados devido à má qualidade da construção – como aconteceu em 2015 – e ao facto de muitas pessoas estarem a dormir. O distrito de Jajarkot tem uma população de 190 mil pessoas, com aldeias remotas espalhadas pelas montanhas, descreve a agência noticiosa.

Não se espera que o salvamento possa ser rápido, porque as equipas de emergência terão de desbloquear estradas cortadas a deslizamentos de terras em muitos locais. Foram requisitados helicópteros e avionetas para ajudar na missão, disseram responsáveis da administração local nepalesa à Reuters.

Quando as comunicações forem repostas em algumas áreas, deve também aumentar o número de vítimas. “Ainda não temos informações sobre o que aconteceu em alguns sítios, porque a rede telefónica não está a funcionar”, disse Sharma ao New York Times.

Bhim Khatri-Chhetri, que trabalha em programas de desenvolvimento em Jajarkot, disse ao jornal nova-iorquino que o hospital local está tão sobrecarregado que as pessoas estão a receber tratamento nas varandas e nos corredores. Há feridos que estão a ser transportados para o hospital de Jajarkot vindos de distritos vizinhos.

Milhares de habitações foram danificadas em Jajarkot, disse Sharma. Há vídeos a circular nas redes sociais que mostram edifícios que se transformaram em pilhas de tijolos e entulho, e telhados colapsados. “Não pensei que sobrevivesse na noite passada. Tive muita sorte”, disse ao New York Times Bhim Khatri-Chhetri. “Passámos a noite ao relento.”

“Muitas casas caíram, outras ficaram com rachas. Milhares de pessoas passaram a noite ao frio, em espaços abertas, porque têm medo de entrar nas casas rachadas, e houve várias réplicas. Eu não pude regressar a casa”, contou à Reuters Harish Chandra Sharma.

O primeiro-ministro nepalês, Pushpa Kamal Dahal, viajou de avião para a zona afectada na manhã de sábado e anunciou que tinha mobilizado o exército e a polícia para participarem nas operações de salvamento e auxílio às populações afectadas. Várias organizações humanitárias estão também a canalizar apoio de emergência a partir de outros locais no Nepal, disse Hanaa Singer-Hamdy, coordenadora das Nações Unidas no país, citada pelo jornal de Nova Iorque.

O sismo foi sentido em Nova Deli, na Índia, que fica a cerca de 600 km de distância, e noutras zonas do Norte da Índia, criando algum pânico, com as pessoas a fugir para a rua durante a noite, mas não foram reportados estragos.

O primeiro-ministro Narendra Modi fez uma oferta de ajuda: “A Índia solidariza-se com o povo do Nepal e está pronta a dar qualquer tipo de assistência”, disse, num post no X (antigo Twitter). A China ofereceu igualmente ajuda, disse o vice-primeiro-ministro Narayan Kaji Shrestha, citado pela Reuters.

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