Palcos da semana: fantochada, notas de excelência e outras utopias

Na agenda dos próximos dias estão a excelência do Misty Fest, A Grande Fantochada de Hugo van der Ding, a Salomé de Mónica Calle, um festival de Utopia e o fado de Carminho.

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A alma sofisticada de Corinne Bailey Rae abrilhanta a 14.ª edição do Misty Fest DR
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Hugo van der Ding põe A Grande Fantochada em cena Andy Dio
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A Salomé iluminada de Mónica Calle TUNA/TNSJ
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Afonso Cruz mostra O Que a Chama Iluminou no festival Utopia DR
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Carminho à Portuguesa Fernando Tomaz
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Senhoras e senhores, a excelência do Misty Fest

O diálogo de Piano para Piano com Rodrigo Leão e a filha Rosa. A “agitação folclórica e electrónica” servida por Rodrigo Cuevas em La Romeria. A alma sofisticada de Corinne Bailey Rae registada em Black Rainbows. Anna Setton a mostrar que O Futuro É Mais Bonito. As melodias cheias de carácter de Hauschka. A Voice Of The Living de Wim Mertens. As notas de jazz de Makaya McCraven. A Another Life de Nadine Khouri.

Estes são alguns dos momentos nas pautas da 14.ª edição do festival Misty Fest, que renova o compromisso de dar a escutar “a melhor música nas melhores salas”, privilegiando “a qualidade acústica, o conforto e a descentralização”.

Venha a nós A Grande Fantochada

“Não sou um fantoche nas tuas mãos”. A frase que fechou a porta a uma relação amorosa abriu a janela a um espectáculo de marionetas onde entra o piano de Joana Gama, cenas da História de Portugal e do Mundo e oito fantoches.

A manipular os bonecos (e o público) está o humorista Hugo van der Ding – e os ecos de Vamos Todos Morrer, onde tem feito sucesso a exumar “as biografias de vários cadáveres com vidas incríveis”.

Não se espera menos do que uma aula ao vivo pautada por doses generosas de irreverência, humor mordaz e rasgo criativo.

Na cabeça de Calle há uma Salomé iluminada

A tragédia bíblica que coloca Salomé como objecto de desejo de Herodes e que culmina com a cabeça de São João Baptista numa bandeja de prata serve de pano de fundo à nova criação de Mónica Calle.

Escrita por Oscar Wilde em 1891, a peça é agora levada às tábuas no registo “íntimo e ritual” que caracteriza o trabalho da actriz e encenadora, que aqui acumula a direcção de figurinos e o desenho de luz.

Ao desafio proposto pelo Teatro Nacional São João – centrado em “enfrentar os abismos” de uma narrativa “atormentada pela beleza, o corpo, a transgressão”, detalha a folha de sala –, Calle responde com a arte de uma Salomé iluminada, como “força capaz de abalar as hierarquias de poder e dominação, bem como as tentativas de silenciamento da memória individual e colectiva”.

Uma co-produção com a Casa Conveniente/Zona Não Vigiada e o Teatro Aveirense.

O livro, essa bela utopia

“Toda a literatura é uma utopia”. É com esta faixa de boas-vindas que se apresenta o festival literário promovido pela The Book Company e inspirado na obra de Thomas More.

Para quem escreve os seus sonhos, anseios e medos, mas também para quem se encontra nas linhas dos outros, o Utopia carimba os livros como “a melhor das invenções”, abraçando a diversidade de formatos e suportes. Um dos exemplos é O Que a Chama Iluminou, espectáculo multidisciplinar saído da pena de Afonso Cruz.

Para os Territórios Literários mapeados nesta edição de estreia contribuem também nomes como David Mitchell, Dulce Maria Cardoso, Ricardo Araújo Pereira, Frederico Lourenço, Ludmila Ulitskaya, Patrícia Müller, Francisco José Viegas, Lélia Wanick Salgado, Filipa Fonseca Silva, Marta Pais Oliveira, Gilles Lipovetsky, José Rodrigues dos Santos, Lídia Jorge, Miguel Esteves Cardoso ou Teolinda Gersão.

No total, são mais de uma centena de convidados e 90 horas de programação, entre conversas, passeios literários, workshops e exposições, para explorar lugares, sejam eles geográficos, sentimentais ou imaginários.

Carminho à Portuguesa

Voz de um fado que convive com outros estilos, Carminho expressa ao vivo o seu “fascínio permanente pela prática do fado, pelos seus inesgotáveis caminhos e possibilidades dentro da mesma matriz”.

As palavras acompanham a nota que apresenta Portuguesa, sexto disco de originais, editado em Março deste ano e produzido pela própria. É este trabalho que está no centro das atenções e empresta o tom à extensa digressão que leva a cantora aos palcos europeus, mas também do Brasil, Canadá e Estados Unidos da América, mostrando as notas de um Portugal contemporâneo e os movimentos “como peixe numa água que é a sua”.

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