Entre o rio e a terra, o cinema no feminino vence o Doclisboa 2023

As Melusinas à Margem do Rio, de Mélanie Pereira, e la tierra los altares, de Sofía Peypoch, levam (merecidamente) os prémios máximos do festival de cinema documental.

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As Melusinas à Margem do Rio, da luso-luxemburguesa Mélanie Pereira: melhor filme da Competição Portuguesa DR
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Três prémios para As Melusinas à Margem do Rio, da luso-luxemburguesa Mélanie Pereira, e dois para la Tierra los Altares, da mexicana Sofía Peypoch — são os filmes vencedores do 21.º Doclisboa, respectivamente nas Competições Portuguesa e Internacional, anunciados em cerimónia que decorreu ao início desta noite na Casa Independente. E o facto de terem ambos recebido mais do que um prémio (atribuídos por júris diferentes) sugere a unanimidade transversal destes dois títulos exibidos no festival em estreia mundial: filmes que partem da experiência pessoal das suas realizadoras para explorarem questões dos nossos dias, que questionam os lugares, sociais ou pessoais, em que habitamos hoje.

As Melusinas à Margem do Rio explora questões de identidade e nacionalidade através do diálogo de Mélanie Pereira com quatro outras filhas de emigrantes nascidas no Luxemburgo, todas elas perguntando-se onde pertencem realmente. Recebeu o prémio de Melhor Filme da Competição Portuguesa, o Prémio Escola para Melhor Filme da Competição Portuguesa (ambos atribuídos pelo júri oficial formado por Aida Tavares, Gareth Evans e Ignacio Agüero), e o Prémio Fernando Lopes para Melhor Primeiro Filme Português (júri formado por Paula Guedes, Duarte Lopes e Jorge Cramez).

la tierra los altares parte da memória do rapto da realizadora Sofía Peypoch para falar da relação íntima do homem com a terra, a história e o tempo. Foi considerado o Melhor Filme da Competição Internacional (pelo júri oficial composto por Danielle Arbid, Patrícia Saramago, Paula Gaitán, Ikbal Zalila e João Fiadeiro) e recebeu igualmente o Prémio Revelação para Melhor Primeira Longa-Metragem (que tinha como jurados Tytti Rantanen, Kiluanji Kia Henda e Pedro Florêncio).

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la tierra los altares, da mexicana Sofía Peypoch: grande prémio da Competição Internacional DR

Não foram, contudo, os únicos “tiros na mouche” do palmarés, como comprovam os Prémios Especiais do Júri, entregues a dois títulos de 2022. Na Competição Internacional, o galardão foi entregue à atmosférica curta-metragem do belga Jorn Plucieniczak sobre um jovem numa encruzilhada pessoal, Terril. Na Competição Portuguesa, coube a Souvenirs d’une journée parfaite, elegante e tocante registo do encontro entre a cineasta libanesa Davina Maria El Khoury e a artista belga Dominique Goblet, realizado no âmbito do mestrado de documentário luso-belga-húngaro DocNomads.

De apontar a presença no palmarés de dois títulos iranianos galardoados com prémios transversais: At Night, the Red Sky, de Ali Razi (secção Riscos; Melhor Curta-Metragem), e An Owl, a Garden and the Writer, de Sara Dolatabadi (secção Da Terra à Lua; Prémio Direitos e Liberdades Legal Partners Portugal). O Prémio do Público, votado pelos espectadores e patrocinado pelo jornal PÚBLICO, foi para o documentário de Sofia Marques sobre Luis Miguel Cintra, Verdade ou Consequência?.

O Doclisboa encerra oficialmente este domingo, às 21h, com a exibição de Baan, primeira longa-metragem de ficção da portuguesa Leonor Teles, mas há outros filmes para ver ainda durante o dia, como os últimos títulos de Frederick Wiseman (Menus Plaisirs - Les Troisgros) e Werner Herzog (Theater of Thought), bem como o documentário de Pierre-Henri Gibert sobre Agnès Varda, Viva Varda!.

Os filmes vencedores serão exibidos no Cinema Ideal entre segunda-feira, dia 30, e quarta, 1 de Novembro.

Notícia corrigida com nome de Prémio Direitos e Liberdades Legal Partners Portugal

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