Câmara de Lisboa vai gastar menos com a Web Summit “se houver menos gente”?

Carlos Moedas tinha dito que apoio financeiro de sete milhões ao evento é condicionado à real execução das despesas. Mas proposta aprovada é omissa em relação ao número de participantes.

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Carlos Moedas sublinha a importância de se continuar a honrar o contrato assinado por Fernando Medina LUSA/ANTÓNIO COTRIM
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A frase

O dinheiro que não for gasto, se houver menos gente, será devolvido ou não será pago.

Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa

O contexto

Na reunião pública da vereação da Câmara de Lisboa, realizada na quarta-feira, foi aprovado um financiamento de sete milhões de euros à edição deste ano da Web Summit.

A proposta, com votos favoráveis da coligação liderada por Carlos Moedas (Novos Tempos) e do PS, viabiliza a transferência do valor para a Associação de Turismo de Lisboa, para que se proceda ao pagamento acordado com a CIL – Connected Intelligence Limited, empresa fundada por Paddy Cosgrave, responsável pela organização do evento.

Os factos

A 13 de Outubro, e com as atenções do mundo viradas para o conflito israelo-palestiniano, Cosgrave publicou um tweet (na rede agora chamada X) em que referia que “os crimes de guerra são crimes de guerra, mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são”.

As afirmações do empresário não caíram bem junto do embaixador de Israel em Lisboa, Dor Shapiro, que as considerou “ultrajantes” e que anunciou que o país já não se faria representar na Web Summit. De seguida, várias empresas inscritas na cimeira tecnológica cancelaram também a presença em Lisboa, entre elas Google, Amazon e Meta (Facebook, WhatsApp e Instagram).

Perante o risco de esta edição da Web Summit ter menos empresas convidadas e menos público e críticas do Bloco de Esquerda de, mesmo assim, a Câmara de Lisboa querer dar um aumento de apoio ao evento (mais 700 mil euros do que no ano passado), Carlos Moedas reafirmou o que considerou ser a sua importância e deu uma garantia: “Há um contrato que é assinado antes de eu ser presidente da câmara, um contrato de 10 anos com a Web Summit, e, portanto, o presidente da câmara actual, fosse eu ou outro, teria essa obrigação de cumprir esse contrato. Mas há uma novidade neste contrato e nesta assinatura: o dinheiro que não for gasto, se houver menos gente, será devolvido ou não será pago.”

A proposta aprovada pela vereação, a que o PÚBLICO teve acesso, diz que a Associação de Turismo de Lisboa “apenas procederá ao pagamento de quaisquer verbas, a que nos termos do contrato haja lugar, após efectiva demonstração das despesas incorridas pela CIL – Connected Intelligence Limited”. E estipula ainda que “as verbas não executadas e transferidas para a Associação de Turismo de Lisboa sejam devolvidas ao Município de Lisboa para nova incorporação no Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa. Mas a cláusula não faz qualquer referência ao número de pessoas que deverão estar no evento, nem relaciona esse factor com a execução ou não de despesas.

Em resumo

A afirmação de Carlos Moedas é, portanto, parcialmente verdadeira.

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