O furacão Otis, uma das tempestades mais fortes de sempre na costa mexicana do Pacífico, atingiu a estância balnear de Acapulco na madrugada de quarta-feira, destruindo edifícios e infra-estruturas vitais e deixando a cidade incomunicável e sem electricidade.

As imagens divulgadas nas redes sociais mostram hotéis destruídos pelo Otis, tectos e paredes rasgadas, janelas estilhaçadas e carros parcialmente submersos nas águas das enchentes, enquanto o raro furacão de categoria 5 se abateu sobre o estado de Guerrero, no sul do país.

Vêem-se destroços pelos átrios, pátios, ruas e varandas dos hotéis, com os restos de árvores mutiladas espalhados pela baixa de Acapulco. A queda de linhas de telecomunicações e os danos nas infra-estruturas deixaram os residentes isolados do mundo exterior.

Não há relatos imediatos de vítimas mortais até à noite de quarta-feira, mas as linhas telefónicas e eléctricas cortadas tornaram difícil para as autoridades avaliar o impacto da destruição.

Soldados limpam o caos

De acordo com o Ministério dos Transportes, o aeroporto internacional de Acapulco foi encerrado até nova ordem, depois de ter ficado sem electricidade e de as estradas próximas terem ficado bloqueadas devido ao Otis. Segundo o governo, o aeroporto sofreu danos consideráveis, com as janelas da torre de controlo a serem destruídas pelo furacão.

O Presidente Andrés Manuel Lopez Obrador tentou seguir de carro até Acapulco, mas ficou retido devido ao encerramento de estradas provocado pela tempestade, segundo imagens de vídeo divulgadas nas redes sociais.

Soldados mexicanos e equipas de salvamento tentam, esta quinta-feira, limpar o caos e a devastação provocados pelo furacão Otis em Acapulco, enquanto o governo se esforça por prestar socorro à estância balnear do sul do país. Cerca de 8400 membros do exército, da força aérea e da guarda nacional do México foram destacados para Acapulco e arredores para ajudar nos esforços de limpeza, informou o Ministério da Defesa.

A principal auto-estrada que liga Acapulco à Cidade do México deverá estar totalmente aberta ao meio-dia, disse aos jornalistas o vice-ministro dos Transportes, Rogelio Jiménez Pons, referindo o impacto dos deslizamentos de terra. "O furacão de categoria 5 em Acapulco apanhou-nos de surpresa", disse Jimenez Pons. "É uma situação sem precedentes."

Milhares sem electricidade

Nas redes sociais, imagens de um hospital mostravam enfermeiras a retirar pacientes dos seus quartos para os manter a salvo do Otis.

As aulas foram canceladas para os estudantes em todo o estado pelo segundo dia, e a governadora Evelyn Salgado disse nas redes sociais que as autoridades estavam a trabalhar para restaurar a electricidade e reactivar as bombas de água potável em Acapulco.

A empresa pública de electricidade do México, CFE, tem mais de 1300 funcionários a trabalhar para restabelecer a energia, informou na quarta-feira à noite, quando cerca de 300 mil pessoas continuavam sem electricidade.

O Centro Nacional de Furacões dos EUA alertou para a ocorrência de chuvas fortes no sudoeste e centro-sul do México até quinta-feira e para o risco contínuo de inundações e deslizamentos de terra potencialmente mortais.

Oito anos depois do Patrícia

O Otis chegou à costa do Pacífico quase exactamente oito anos depois do furacão Patrícia, uma tempestade que provocou ventos de 322 quilómetros por hora.

Depois de se fortalecer a uma velocidade inesperada no mar, o furacão Otis chegou à costa como uma categoria 5 - o nível mais forte na escala de ventos de furacões Saffir-Simpson de cinco níveis -, com ventos de 266 quilómetros por hora, antes de enfraquecer rapidamente para uma tempestade de categoria 4. A sua força foi diminuindo à medida que se deslocava para o interior, reduzindo Otis a uma tempestade tropical e dissipando-se mais tarde sobre as montanhas do sul do México.

As autoridades mexicanas mostraram-se chocadas com o poder do Otis, uma vez que se esperava inicialmente que a frente meteorológica fosse apenas uma tempestade tropical.

As autoridades já tinham alertado que o Otis poderia trazer até 510 mm de chuva para partes dos estados de Guerrero e Oaxaca, com risco de deslizamentos de terra.