A Real Sociedad traz a “força aérea” ao Estádio da Luz
O Benfica vai a jogo na Liga dos Campeões frente a um adversário de predicados variados. Nesta terça-feira, tudo o que não for uma vitória será, em teoria, um passo em frente na saída da Champions.
Nesta terça-feira, às 20h (TVI), vai aterrar no Estádio da Luz um esquadrão da força aérea basca. Falamos da Real Sociedad, a equipa mais forte no jogo aéreo na Liga dos Campeões e na Liga espanhola. Para consumo interno ou a mostrar-se à Europa, a Real Sociedad é sempre uma equipa de tremendo poder pelo ar e esse é um ponto relevante para um jogo também ele muito relevante.
Para a terceira jornada do Grupo D da Liga dos Campeões, o Benfica, não estando obrigado a ganhar, sabe que o sucesso europeu passará pelo triunfo frente aos espanhóis.
A equipa “encarnada” soma duas derrotas em dois jogos e tem de pontuar o quanto antes – e um mero ponto até pode vir a mostrar-se insuficiente se a bitola estiver na continuação na Champions.
Como lá chegar? Em teoria, defendendo-se dos duelos físicos e das disputas aéreas. Estando a atacar a maioria dos jogos com João Neves e Kokçu no meio-campo, o Benfica poderá ter a ganhar com dois jogadores de muita dinâmica e qualidade no passe, mas, frente a uma equipa como a Real Sociedad, o sofrimento nos duelos pode ser real.
Com um meio-campo com Merino, Zubimendi e Méndez, a Real Sociedad tem um trio forte nos duelos – e também nos aéreos – e não tem tido pudor em levar os jogos para esse plano – frente a Inter e Salzburgo isso ficou patente.
É certo que os jovens Kubo e Barrenetxea são os “artistas” que enchem o olho, mas é no referido trio de meio-campo que estão, provavelmente, os dois jogadores mais importantes da equipa: Merino e Méndez.
Dupla internacional
No caso de Méndez, é simples: trata-se do homem de quem se fala. Em dois jogos na Champions somou dois prémios de melhor em campo e só Julian Álvarez tem mais participações em golos – três golos e uma assistência, contra dois golos e uma assistência de Méndez.
O médio-ofensivo internacional espanhol é dono de muita técnica e capacidade de definir no último terço e já vai com quatro golos e quatro assistências na temporada.
Depois, o também internacional espanhol Mikel Merino dá uma dimensão física tremenda, além de ter muita chegada à área – a Real coloca muitos jogadores em zonas de finalização, algo que também obriga a equipa a reagir à perda logo no primeiro terço adversário. Este perfil dá à equipa muitas recuperações em zonas adiantadas – algo com que o Benfica tem sofrido muito.
Mas também sugere que uma boa capacidade “encarnada” de tirar a bola de zonas de pressão vai criar espaço para explorar – até porque a formação espanhola não tem pudor em ter a linha defensiva bem subida, como também atestam dados do Who Scored sobre as zonas que o “onze” mais pisa.
Pelos dados relativos a passes longos, pelas zonas de pressão habituais e pelo poder aéreo, é provável que a Real queira promover uma partida de jogo directo – não num “kick and rush” à inglesa, mas num futebol mais requintado em que as bolas directas não vão parar a um “pinheiro” de área, mas sim a Kubo e Barrenetxea, dois criativos rápidos e de muita qualidade entre linhas. No fundo, promover duelos e jogo directo, mas com o "perfume" de quem sabe mexer na bola.
Roger Schmidt, treinador do Benfica, apontou, nesta segunda-feira, precisamente a essa capacidade da Real para um jogo físico e de muitos jogadores no momento de transição.
"Ao analisarmos a Real Sociedad, vemos uma equipa que joga um futebol de alta intensidade, com uma abordagem clara tacticamente, muito boa nas transições. Não importa se perdem a bola, mas quando a ganham têm jogadores que estão disponíveis para momentos de transição”, detalhou, na antevisão da partida.
O que significa tudo isto para o Benfica? Talvez a já habitual presença de Aursnes na zona ofensiva, fazendo de terceiro médio para combater o trio da Real Sociedad.
Isto inviabilizará, em tese, a presença de Di María (em dúvida, por lesão) e Neres em simultâneo, já que a solução de ter o brasileiro como ponta-de-lança (experimentada com o Inter) se revelou um fracasso.
Haverá ainda a ter em conta o regresso de Gonçalo Guedes, jogador que pode ser a solução para a dificuldade em encontrar um ponta-de-lança com bom desempenho. E já se sabe que Schmidt vê no português um jogador para essas funções, pela conjugação de técnica, mobilidade, velocidade e finalização.