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Seca histórica no Amazonas continua e muda rota dos cereais
As rotas do Norte interrompidas pelas dificuldades de navegação têm sido fundamentais no aumento das exportações do país. Algumas áreas da Amazónia registaram o menor nível de chuva entre Julho e Setembro desde 1980.
Alguns carregamentos de cereais nos rios do Norte do Brasil foram interrompidos devido a uma seca que levou os afluentes do rio Amazonas ao nível mais baixo em mais de um século, de acordo com um comunicado enviado na quinta-feira pelo prestador de serviços de transporte marítimo Serveporto.
Algumas empresas de barcaças "interromperam a navegação nos rios Tapajós e Madeira, afectando os terminais de grãos, o principal meio de transporte logístico da região", disse a Serveporto.
Algumas áreas da Amazónia registaram o menor nível de chuva entre Julho e Setembro desde 1980, e os níveis de água no porto de Manaus, a cidade mais populosa da região, atingiram o seu nível mais baixo desde que se iniciaram os registos em 1902.
"A estação seca atingiu duramente os portos da Amazónia, em particular os barcos de menor calado", disse Serveporto. "Muitos comboios estão lutando para continuar as suas operações, levando a capacidades de carga reduzidas", acrescentou.
A Hidrovias do Brasil, empresa de barcaças que opera no Tapajós, disse em comunicado à Reuters que as barcaças continuam a operar entre Itaituba e Barcarena, onde transportam fertilizantes e grãos.
A empresa observou que introduziu medidas "específicas de flexibilidade operacional" devido aos calados [profundidade a que se encontra o ponto mais baixo da quilha de uma embarcação, em relação à linha d'água] mais baixos do que as médias históricas, incluindo o uso de empurradores de manobra para navegar as barcaças nos pontos mais rasos.
Os exportadores brasileiros de cereais estavam a desviar um pequeno número de cargas de exportação para os terminais portuários do Sul em vez dos portos do Norte, informou ainda o grupo de exportadores de cereais Anec na quarta-feira.
As rotas do norte, que foram interrompidas pelas dificuldades de navegação nos rios rasos da Amazónia nesta primavera, têm sido fundamentais para ajudar o país a aumentar as exportações de milho e soja nos últimos anos.
Na quarta-feira, o governo informou que o terminal de cereais de Itacoatiara, propriedade da Hermasa, um braço da empresa brasileira de cereais Amaggi, e dois grandes terminais de contentores perto de Manaus, estavam a funcionar com capacidade reduzida.
A Amaggi disse que nos trechos dos rios Amazonas e Madeira onde opera, a navegação tem sido a esperada para a estação seca, acrescentando que adapta as suas operações todos os anos como resultado da seca.
O governo informou que vai dar 100 milhões de reais (187.850,21 euros) para serviços de emergência de dragagem na região "para evitar impactos no valor do frete e atrasos na disponibilidade dos produtos que são transportados pelas aquavias do Norte".
O Serveporto também disse que os baixos níveis de água estão a afectar a entrada de navios no porto de Santarém, no estado do Pará, principalmente devido às restrições de calado.
"Para os navios de descarga, sugerimos que considerem a ancoragem para redução do calado antes de atracar, devido à incerteza das profundidades exactas à chegada."