Guatemala
A fome chegou a esta aldeia onde a terra já quase não dá fruto
El Aguacate, com uma população de cerca de 500 habitantes sofreu uma série de secas e tempestades debilitantes na última década. Sem sistemas de irrigação, os agricultores dependem apenas da chuva.
Maria Concepcion Rodriguez acordou cedo e baixou-se no chão de uma das redes que sua família de oito pessoas usa para dormir. Lavou as mãos e acendeu uma fogueira, preparando-se para fazer o pequeno-almoço com os escassos mantimentos ao seu dispor. Algumas folhas verdes, talvez alguns ovos. Talvez haja milho suficiente para fazer tortilhas num pequeno pedaço de terra que a família aluga para cultivar alimentos apenas para se alimentar. Mas não tem sido suficiente, sobretudo ultimamente. Normalmente, a estação das chuvas começa em Maio ou Junho, mas este ano não houve muita chuva, disse ela.
"Tem havido muita seca nos últimos anos", disse Maria, que fala a língua maia Achi, através de um tradutor, num dia em Agosto. Maria ficou em casa a cuidar dos seis filhos enquanto o marido saiu para um dia de trabalho, uma das duas oportunidades que talvez tenha nessa semana para recolher lenha e juntar algum dinheiro. Sobrevivem com menos de dois dólares por dia (quase o mesmo em euros), o que mal dá para comprar algo básico para comer, como um pacote de massa, se o que cultivam não for suficiente. Por vezes, a comida é insuficiente para todos.
Quase todos os seis filhos de Maria sofreram de subnutrição grave. Parecem muito mais novos do que a idade que têm. El Aguacate, com uma população de cerca de 500 habitantes e pouco acessível por estrada, situa-se no Corredor Seco da América Central, uma região que tem sofrido uma série de secas e tempestades debilitantes na última década. Estes fenómenos meteorológicos extremos estão ligados às alterações climáticas e afectam duramente os agricultores de subsistência.