Davide Renne é o novo director criativo da Moschino: “A moda não pode ser explicada”

O criador italiano, de 46 anos, sucede a Jeremy Scott. Entra em funções em Novembro, mas a primeira colecção só será apresentada em Fevereiro, na Semana da Moda de Milão.

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Davide Renne é o quarto director criativo da Moschino Moschino/Alessio Bolzoni
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A Moschino já tem um novo director criativo, depois de Jeremy Scott ter anunciado estar de partida. O italiano Davide Renne assume a liderança da casa de moda, já a partir de Novembro, anunciou a marca, nesta segunda-feira, em comunicado partilhado no Instagram. A estreia na passerelle fica marcada para a próxima Semana da Moda de Milão, em Fevereiro.

“Estamos confiantes de que [David Renne] irá desempenhar um papel fundamental no desenho do futuro da Moschino, uma casa global com coração italiano”, declarou Massimo Ferretti, presidente executivo da Aeffe, empresa que detém a marca. Desde Março, quando o designer norte-americano Jeremy Scott deixou o projecto, que a Moschino estava sem director criativo.

Desde então que circulavam rumores de que o seu sucessor poderia vir a ser Davide Renne. O último desfile da Moschino, em Setembro, marcou o 40.º aniversário da marca, mas sem a assinatura de nenhum designer. Agora, o italiano, de 46 anos, passará a ser o rosto da etiqueta, como quarto director criativo: depois de Scott, Rossella Jardini e do fundador, Franco Moschino.

Com uma postura discreta, mas uma assinatura exuberante, que se encaixa na Moschino, Renne é altamente qualificado para o cargo. Até agora, esteve na equipa de design feminino da Gucci, casa onde entrou há 20 anos, tendo trabalhado lado a lado com Alessandro Michele e Frida Giannini. Antes disso, depois de ter estudado na escola Polimoda, em Florença, só tinha trabalhado com Alessandro Dell’Acqua, sobre quem diz ter sido o seu “maior mentor na moda”.

É na Moschino que vai desempenhar, pela primeira vez, o papel de protagonista e logo numa das mais irreverentes casas de moda. Fundada por Franco Moschino, em 1983, a etiqueta integrou logo o grupo Aeffe, propriedade de Massimo e Alberta Ferretii. O criador, que trabalhou também no Versace, esteve em frente da etiqueta própria até 1994, ano em que morreu de complicações relacionadas com VIH.

Mas não sem deixar um legado, que Renne quer continuar. “Franco [Moschino] só deixa de parecer um estranho quando se pensa no seu trabalho para além dos limites da moda, como um artista contemporâneo”, elogiou, lembrando o “pioneiro conceito de luxo” do fundador da marca. “Ensinou que a moda não pode ser explicada, só pode ser vivida, porque é intimamente sobre a vida — sobre o mundo que nos rodeia. Isto, para mim, é a poesia da moda.”

É também essa visão que os donos da Moschino procuram em Renne. “Estamos impressionados com a visão sofisticada que Davide tem do poder da moda em criar um diálogo vivo com o mundo que a rodeia”, acrescentou Massimo Ferretti.

O anúncio da Moschino segue uma tendência recente que se tem verificado na indústria: promover a director criativo designers com uma postura discreta, mas com uma vasta experiência na moda. É o caso de Chemena Kamali, na Chloé; Seán McGirr, que acaba de substituir Sarah Burton na Alexander McQueen; ou Sabato de Sarno, que se estreou na Gucci.

Resta saber qual é o destino de Jeremy Scott, cujo futuro continua em aberto. Entretanto, como mostra nas redes sociais, está a dedicar-se a outras áreas artísticas e tem fotografado vários editoriais, incluindo a supermodelo Irina Shayk para a revista Vogue.

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